Qual o caminho para a Esquerda? Versão para impressão
Segunda, 28 Março 2011

O passado dia 10 de Fevereiro, aquando da divulgação da intenção de apresentar uma moção de censura, por parte do Bloco de Esquerda, afirmou-se como um importante ponto de viragem. A partir do mesmo, o panorama político nacional veio a tornar-se progressivamente tumultuoso. Vários episódios se seguiram, acompanhados pelas já habituais jogadas políticas de descredibilização do Bloco de Esquerda pelos Partidos do “Centrão”. No entanto, e mais do que nunca, PS e PS com D acabaram por dar tiros nos próprios pés confirmando aquilo que o Bloco já vem afirmando. O “austeritarismo” não irá deixar de ser o principal foco de Sócrates e Passos Coelho.

As eleições legislativas (a 29 de Maio, 5 de Junho ou em qualquer outra data) irão incidir única e exclusivamente sobre uma temática – a possibilidade de uma intervenção do FMI no nosso país e a necessidade (ou não) de recorrermos à ajuda do Fundo de Estabilização Europeu. Ao contrário daquilo que a esfera do poder, contando com o apoio dos seus opinion makers e de grande fatia dos media, nos tenta fazer acreditar, a recessão económica não sofrerá um revés com as consecutivas medidas de austeridade que estão vigentes nos seus programas. A retoma económica não será impulsionada pelo constante ataque ao Estado Social materializado na subida dos impostos, na flexibilização dos despedimentos, na privatização dos sectores essenciais da nossa economia. A resposta também não passa por taxar ainda mais a classe média, os desempregados, os pensionistas e os precários. A solução passa sim por taxar aqueles cujos negócios têm vindo, progressivamente, a retirar dividendos da política de enriquecimento da burguesia e da banca portuguesa promovida pela esfera do poder e que, consequentemente, têm vindo a aumentar as suas fortunas em pleno cenário de crise económica.

No espaço temporal que antecede as próximas eleições, a Esquerda - através do Bloco - terá que, como aliás já tem vindo a fazer, clarificar e relembrar aos Portugueses em quem recai a culpa da deplorável situação económica e social em que nos encontramos. Não tenhamos medo do FMI, do Banco Central Europeu ou da Comissão Europeia. José Sócrates, de forma demagógica e falaciosa, afirma que não quer governar um país que esteja nas mãos do FMI. No entanto, através das suas políticas neoliberais, o FMI já se encontra com meio pé dentro de Portugal tendo como principais responsáveis políticos o PS e PSD. Que me perdoe o Primeiro-Ministro demissionário por, na minha visão do que é a orientação ideológica de cariz socialista, discordar da sua suposta orientação de cunho “socialista” no que a cortes nas pensões, no RSI, no subsídio de desemprego, toca.

Os verdadeiros sacrificados com a especulação financeira são os portugueses ao passo que os beneficiários se dividem em dois. Em primeiro lugar a Alemanha e França que vêem em Portugal, tal como já viram na Grécia e Irlanda, uma oportunidade de ouro de combater a sua crise interna e os seus défices orçamentais. Em segundo lugar, a banca portuguesa que tem vindo a lucrar com a compra da nossa dívida externa. A mesma banca que viu, através do BPN, BPI e BES, os seus lucros aumentarem de 922.3 milhões para 996,9 milhões de euros. Tudo isto devido a uma redução da sua carga fiscal entre os 20 e 60% conforme o caso. Em pleno cenário de crise, esta situação parece ser, no mínimo, uma enorme falta de consideração para com os portugueses.

A capacidade reguladora dos mercados é uma espécie de mito urbano criado pelo capitalismo para derrotar o Estado-Providência. A ideia de que o Estado tem que assistir impávido e sereno à desagregação da economia e à erosão das condições de vida da sua população acabando ainda por, através dos PEC’s, promover esta situação é aquilo que PS, PSD e CDS/PP nos tentarão vender nas próximas legislativas. Cabe mais uma vez, à verdadeira esquerda socialista dizer basta. Dizer basta aos salários milionários, às privatizações dos sectores essenciais da nossa economia, e ao aproveitamento por parte da Finança Estrangeira e Banca Portuguesa da nossa débil situação económica.

A Esquerda não tem medo do poder popular. A Esquerda quer que o poder popular decida. Ao contrário daqueles que receiam a resposta popular ao actual clima de instabilidade e de ridículo promovido por Sócrates e Passos Coelho, a Esquerda acredita que é, principalmente neste momento de clímax político, que o povo se deve fazer ouvir. E até lá estaremos, como sempre, a promover as nossas ideias que se assumem verdadeiramente como a alternativa às políticas neoliberais. A democracia agradece.

Cláudia Ribeiro

 

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