25 DE ABRIL SEMPRE, GOVERNOS DA TROIKA NUNCA MAIS! Versão para impressão
Terça, 24 Abril 2012

25abril

Na comemoração de mais um aniversário do 25 de Abril, ocorre perguntar se terá de ser apenas “mais um”, como se não passasse do cumprimento de um mero ritual em risco de extinção, poupado, por enquanto, pela benevolência do governo desta república laica, apostado em cortar direitos, salários, subsídios, pensões, férias e feriados religiosos e civis, com o beneplácito lacrimoso da Santa Madre Igreja.

Há 38 anos, o golpe militar do MFA, que mais não pretendia - e já não era pouco - derrubar a ditadura que transformara Portugal num pais atrasado, analfabeto e amordaçado, para acabar com a guerra colonial, na iminência de uma derrota que ao fim de 13 anos, provocou, só do lado português, cerca de 10 mil mortos, 15 mil deficientes físicos e calcula-se que 100 mil vítimas de stress de guerra, levou o povo português a catapultar-se para uma revolução politica, social e cultural. A Revolução derrubou a ordem social estabelecida, transformou as forças armadas em movimento armado revolucionário (“Nem mais um só soldado para as colónias!”, “Soldados sempre, sempre ao lado do Povo!”), obrigou a Junta de Salvação Nacional a libertar todos os presos políticos, a extinguir a PIDE (Spínola já tinha nomeado um novo Director-Geral) e a consumar a descolonização ao fim de 500 anos de escravatura e colonialismo saqueador e racista.

O povo português, com o apoio dos “filhos do povo fardados”, derrotou os golpes contra-revolucionários da direita e extrema-direita spínolista a 28 de Setembro de 1974 e 11 de Março de 1975. Spínola foge para a Suíça de onde é expulso por armar e organizar organizações bombistas do ELP e MDLP que espalharam terror e morte de Norte e Sul de Portugal. Mas o grande capital, que sempre vivera da protecção do Estado, assustado com as nacionalizações e a Reforma Agrária, com o apoio da CIA (foi o Imperialismo Americano que cedeu o Napalm e outras armas químicas e biológicas com que a ditadura salazarista massacrou as populações africanas) e da social-democracia europeia (aliada dos EUA e da ditadura de Salazar e Caetano na NATO), cuja missão histórica era servir de tampão ao avanço das ideias socialistas (a prova é que mal o mundo passou a ser dominado por um só imperialismo, com a queda do muro de Berlim, logo os sociais-democratas, como González, Blair e Sócrates, se passaram com armas e bagagens para o campo do liberalismo), conseguiu provocar um golpe de Estado a 25 de Novembro que levaria à prisão de alguns militares de Abril (como Tomé, Otelo e outros) e poria fim à Revolução ao fim de longos 600 dias.

A partir daí foi o que se viu: a transformação paulatina de Portugal no país com os pobres mais pobres e os ricos mais ricos da Europa. Uma “elite” política que se alterna no poder, num novo “rotativismo” gerador de corrupção, uma Justiça cega e paralítica, velhos e novos capitalistas que mamaram e desbarataram os fundos europeus em vez de os aplicarem no desenvolvimento sustentado do país.

Mas as conquistas daquele ano e meio de Revolução, algumas plasmadas ainda na Constituição, resistem aos ataques mais ferozes desde o 25 de Abril. “A paz, o pão, /habitação/, saúde, educação”, como na canção do Sérgio Godinho. O pão volta a faltar, a habitação começa a ser difícil de pagar, a educação volta a ser para os ricos e o Serviço Nacional de Saúde continua a ser desmantelado (com o auxílio de ministros do PS, como acusou o seu mentor António Arnault). O ministro do CDS tentou pôr uma bomba ao retardador na Segurança Social, com mais uma tentativa de tecto contributivo, mas até gente da direita teve medo dos estilhaços sociais, obrigando-o a recuar.

Hoje, a importância de comemorar o 25 de Abril já não é tanto o lembrar a luta pelo Socialismo que todos os partidos (excepto o CDS) votaram na Assembleia Constituinte, mas mais recuperar a memória da luta colectiva pela mais ampla democracia, representativa e participativa, num país onde a direita trauliteira e mentirosa, com as costas quentes pela Troika, já ousa defender e pôr em prática a suspensão temporária da Constituição e da Democracia.

25 de Abril, Sempre! Passos e Portas nunca mais!

Carlos Vieira e Castro

 

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