Especulando sobre a especulação Versão para impressão
Domingo, 05 Abril 2009

Nesta crise, há uma nota que merece ser focada e seguida. Diz respeito à proposta chinesa de criação de uma moeda global.

Artigo de Victor Franco

O Público de hoje, 4 de Abril de 2009, traz uma dura notícia: “Recessão profunda, EUA perderam cinco milhões de empregos desde o início da crise”.

Só no mês de Março 663 mil empregos foram destruídos e a taxa de desemprego disparou para os 8,5%.

Não há dúvidas de que a crise acertou em cheio no centro do império. E falta ver as consequências desta mesma crise quando as pessoas perderem o precário apoio social de que dispõem. Menos salários, menos consumo e menos importações – em particular da China.

Também por isso, nesta crise, há uma nota que merece ser focada e seguida. Diz respeito à proposta chinesa de criação de uma moeda global.

A China, de que se diz controlar 40% da dívida pública norte-americana, está a tentar livrar-se das colossais quantidades de dólares que possui. O negócio rendoso no qual se entrelaçou com o centro do capitalismo (e que vários partidos ditos comunistas fingem ignorar) propiciou à China a venda maciça de produtos de consumo, mas tornou-se dólar-tóxico-dependente.

Ora, não se sabe como ou quando irá acabar esta crise. Em primeiro lugar porque os remédios capitalistas costumam agravar ainda mais o estado do doente e isso pode acontecer a um ponto que a crise se aprofunde ainda mais e até ponha em causa a permanência do dólar enquanto moeda padrão. Em segundo lugar porque se a crise arrastar a China então a escala de fome, desemprego e violência poderá atingir progressões geométricas e incalculáveis.

Ora, lá pensaram os “camaradas” chineses: “se o dólar fosse substituído por uma moeda padrão internacional – que partisse da paridade e convertível com o dólar – a gente limpava os nossos cofres deste activo cada vez mais tóxico”. O secretário-geral do PCC, bem imbuído do pensamento criativo do “comunismo chinês”, lá terá alertado o governo; (nada melhor do que o partido estar sempre na “vanguarda da vigilância revolucionária”).

Sabendo-se que os norte-americanos não têm qualquer dificuldade em meter as rotativas a fabricar notas de dólar – com as potenciais possibilidades de desvalorização real da moeda – a coisa pode ficar ainda mais difícil para os “camaradas” chineses.

A coisa está mesmo complicada. Obama precisa de imprimir notas para financiar a crise interna, o petróleo está em baixa, as matérias-primas (incluindo as alimentares) estão em tendência descendente, as bolsas estão a cair, os especuladores estão em má onda (…) e tudo isso pode agravar ainda mais a crise de mega sobre-produção de dólares.

Possivelmente, alguém estará a pensar em como criar necessidade e procura de dólares nos mercados internacionais. Bem, mas, especulando mentalmente, isso poderá significar a necessidade de um novo e rápido processo de criação de uma nova bolha financeira especulativa!?

Especulações…

Victor Franco

 

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