As Quatro Estações Versão para impressão
Segunda, 23 Novembro 2009

As estações do ano, para além de influenciarem coisas importantes, como por exemplo a agricultura ou os transportes, criaram memórias particulares que de certo são comuns às de outras crianças de então.

Artigo de Ana Cansado

No ensino primário, naquilo que na minha infância se chamava o 'Estudo do meio', aprendemos que existem quatro estações do ano que correspondem a quatro subdivisões do ano baseadas em padrões climáticos. Para o hemisfério norte, onde Portugal se encontra, convencionaram-se datas que marcavam os limites das estações do ano: dia 21 de Dezembro marcava o início do Inverno, dia 21 de Março começava a Primavera, dia 21 de Junho começava a minha estação do ano preferida, o Verão e dia 23 de Setembro começava o do Outono. E estas estações do ano, para além de influenciarem coisas importantes, como por exemplo a agricultura ou os transportes, criaram memórias particulares que de certo são comuns às de outras crianças de então. O Inverno era tempo de acender a lareira e de calçar botas de borracha para saltar nas poças. A Primavera era altura de ver tudo a florir à minha volta e esperar a chegada das andorinhas. O Verão era tempo seco e quente em que podíamos nadar no tanque, ir para a praia e, para mim, parecia a estação mais pequena do ano. Finalmente no Outono era tempo de apanhar folhas secas e coloridas e com elas fazer colagens, era tempo de castanhas e de voltar à escola. Hoje contudo é muito difícil coordenar as actividades típicas de um período porque o tempo mudou. O tempo mesmo tempo, isto é, o tempo atmosférico. No calendário por vezes o Outono já vai a meio e ainda temos dias quentes e secos que mais parecem dias de Verão.

 Hoje já não tenho 'Estudo do meio', mas procuro nunca parar de olhar o mundo que me envolve. O recentemente publicado relatório sobre a Situação da População Mundial 2009, subordinado ao tema “Enfrentando um mundo em transição: mulheres, população e clima”, descreve alterações nos padrões climáticos e suas consequências tais como o atraso nos esforços de combate à pobreza e no aumento dos deslocados vítimas das alterações profundas do clima e ainda os surtos de doenças antes confinadas a áreas determinadas. Situações bem mais graves que as pequenas alterações nos meus hábitos. No relatório está uma imagem intitulada “O Fardo Desigual” em que constam dois mapas sendo que o primeiro mapa é constituído maioritariamente por países do hemisfério norte, os que mais contribuem para as alterações climáticas e o outro mapa representa basicamente países do sul, menos desenvolvidos, e que são as principais vítimas.

 A comunidade internacional está consciente desta realidade e em Dezembro próximo aguarda-se uma nova cimeira sobre o ambiente em Copenhaga onde os líderes globais têm de assumir um compromisso que permita as gerações vindouras herdarem um planeta ainda viável. Até agora nem a responsabilidade de garantir a segurança, a saúde e a felicidade dos povos, nem a solidariedade com os mais pobres, nem a vergonha de provocar desastres, cujas vítimas se encontram em países menos poluidores, tem mobilizado os líderes mundiais para proteger o ambiente,. Então em Copenhaga pensem apenas nas suas famílias, nos seus filhos e tomem medidas para que estes tenham um planeta se não melhor pelo menos semelhante ao da minha infância.

Artigo de Ana Cansado

 

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