Seguro vs Costa: descubra as diferenças Versão para impressão
Quarta, 11 Junho 2014

seguro e costaOs resultados das eleições para o Parlamento Europeu deram uma derrota histórica à direita portuguesa. Apesar disso, o trambolhão não chega para a retirar da corrida às legislativas de 2015. A inclinação conservadora da Europa está aí para dar sinais diferentes e animadores para o PSD e CDS. Passos voltou a acreditar.

 

Artigo de Joana Mortágua

 

E com isso o PS tremeu. Sabe que a recente vitória eleitoral não chega para as legislativas e começou a dança das cadeiras. Costa desafiou Seguro a aguentar-se na liderança. Seguro desafiou Costa a aguentar-se na corrida. Federações ou bases, diretas ou primárias, deslealdade ou patriotismo. Tudo se discute no mais recente romance rosa da política portuguesa. Tudo menos aquilo que nos ajudaria a distinguir os Antónios: a política.

O que não se discute é aquilo que os une: Tratado orçamental, privatizações, apoio à NATO, já para não falar que os dois querem limitar a representação parlamentar dos partidos à sua esquerda. Apesar dos mais recentes episódios em que To Zé proclama que é seguramente de esquerda e o Costa responde que ele é que é amigo do Sá Fernandes e da Roseta, a verdade é que nenhum deles rejeita a ditadura da Merkel.

Esta falta de clareza sobre as escolhas política de cada um dos candidatos à liderança do PS relançou o debate sobre o futuro governo, colocando no terreno outros satélites do PS que se propõem a evitar tanto a maioria absoluta do PS como o bloco central, aliando-se ou a Seguro ou a Costa.

"Impedir o bloco central" converteu-se no mote de uma certa esquerda pavloviana que se dispõe a viver para condicionar o Partido Socialista. Há muito tempo que Rui Tavares respondeu Sim à pergunta feita pelo próprio Rui Tavares no I "quem é que está disponível para, querendo impedir a direita de voltar ao governo, se aliar ao PS e fazer a aliança de centro e esquerda que Portugal já precisa há tanto tempo?"

Este apelo incorre em dois erros. O primeiro é sobre quem capitaliza o medo ao bloco central. Os primeiros interessados em lançar o fantasma serão precisamente os seus participantes. Esses partidos desconfiam que a pouca simpatia que cada um deles colhe em separado tende a ser superada pelo medo a vê-los juntos. O Partido Socialista precisa de uma boa desculpa para apelar à maioria absoluta e tentar recuperar muitos votos perdidos. Nesse caso, a (in)utilidade do voto no PS poderia impedir o bloco central mas manteria o centro político inalterado na rotatividade. Caras novas, a austeridade do costume.

O segundo erro é achar que uma esquerda desse tipo poderia alguma vez romper com o centro político (PS, PSD e CDS) em vez de ser sugada para ele e acabar por se tornar inútil à esquerda. A ideia da "frente popular" contra um inimigo maior, a direita, escolhe esquecer que o programa necessário para romper com a austeridade é tão duro sobre o capital e tão desobediente à Europa que não pode ser feito com uma parte do centro político (neste caso, o PS). O problema desta proposta é que ela abandona o programa em nome de uma maioria governista.

Ganhe Costa ou ganhe Seguro, o nosso combate é e deve ser contra este Governo até ao último dia. Contra uma maioria PSD/CDS que começa a passar entre os pingos da chuva e a dar sinais de que poderá vir a sobreviver ao desastre do país se não encontrar uma resistência mais forte e mais unida à esquerda. A reestruturação da dívida contra os interesses dos mercados financeiros, a recusa do Tratado Orçamental, a recuperação dos salários e das pensões e a inversão das privatizações para recuperar o que é nosso apela a uma maioria a sério, uma maioria social que nasça da oposição à austeridade.

O impulso que queremos é aquele que é dado pela derrota conjunta das forças do centro político em Portugal e, sobretudo, na Europa. Essa é a tendência que pode dar força à esquerda que se mantiver firme contra a austeridade e as suas instituições. Haverá por aí quem queira uma esquerda para recauchutar o centrão e agarrar-se a um edifício que está em desmoronamento. Tenderão a ficar entre os destroços, mas amigo não empata amigo e cada um escolhe de que lado quer estar.

Joana Mortágua

artigo publicado também em Esquerda.net

 

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