580 Dias que mudaram Portugal Versão para impressão
Terça, 22 Abril 2014

1º maio 1974Os 580 dias do PREC deixaram na sociedade portuguesa marcas profundas. As conquistas de Abril, alcançadas em pouco mais de um ano de crise e de luta tiveram consagração na Constituição de 1976. Até as mais avançadas, como a Reforma Agrária e as nacionalizações, perduraram mais de dez anos.

 

Artigo de Alberto Matos

 

Na casa clandestina, algures na linha de Sintra, o serão terminara pelas 3 da manhã. Sobre a bancada, cheirando a tinta fresca, os jornais, acabados de sair da caixa silenciosa que envolvia o velho duplicador. "Insubordinaram-se os mercenários do capital", titulava a primeira página, referindo-se ao falhado golpe das Caldas. O fascismo jamais cairia com golpes de Estado de generais com as mãos sujas de sangue dos povos coloniais. A insurreição popular é a única via para derrubar o regime, concluía o artigo.

 

E DEPOIS DO ADEUS

Pelas 7 horas da manhã, Francisco e Paulo foram acordados pelas batidas insistentes na porta do quarto. A companheira da casa regressava da estação com noticias dramáticas e excitantes: não circulavam comboios, rebentara um golpe de Estado e a rádio repetia apelos de um desconhecido Movimento das Forças Armadas.

"As Forças Armadas levantaram-se para depor um governo ilegítimo, condenado pela História, a fim de devolver a Liberdade ao povo português. Apela-se à população para que permaneça em casa para evitar o desnecessário derramamento de sangue."

O resto do dia foi um autêntico frenesim. De ouvidos colados ao rádio, levados pela voz mágica de Adelino Gomes, seguimos a coluna de Salgueiro Maia no confronto iminente do Terreiro do Paço; subimos a Rua Nova do Almada sobre os tanques já apinhados de jovens; vivemos as peripécias do Camões - aproximava-se uma coluna da GNR, que acaba por fugir com o rabo entre as pernas; deambulámos pelo assalto ao quartel da Legião; voltámos ao Carmo e à Trindade já embalados nas asas do sonho que se ia tornando realidade.

Revoltámo-nos com a chegada do "homem do monóculo", aprendiz de feiticeiro das tropas nazis em Estalinegrado, a quem o ditador Caetano transmite o poder para que este não caia na rua. Gritámos "Morte ao Fascismo" quando os títeres são salvos da ira popular, dentro da carcaça de um Chaimite que não votará a percorrer picadas africanas. Chorámos de raiva impotente quando os últimos quatro jovens caem sob as balas assassinas do fascismo, disparadas da sede da PIDE/DGS.

Naquela noite recebemos a visita inesperada do controleiro. Entre abraços e sorrisos nervosos, a alegria misturava-se com a perplexidade. O que se passava? Spínola, Kaúlza, Costa Gomes? A sombra de Pinochet pairava como uma ameaça. Perto da meia-noite aparece nos ecrãs da televisão uma Junta de Salvação Nacional – do Capital? Na manhã seguinte é divulgado o Programa vagamente anti-monopolista e os famosos três Democratizar-Desenvolver-Descolonizar do MFA.

A História escrevera direito por linhas tortas, pregando uma tremenda partida ao nosso infantilismo político. As contradições internas e o desgaste provocado pela guerra colonial fizeram o regime fascista ruir como um baralho de cartas. A vida fintara os nossos esquemas sobre a revolução, mostrando toda a sua riqueza e complexidade. A luta de classes acelerava a um ritmo vertiginoso. Havia que aprender e agir depressa.

GRÂNDOLA, VILA MORENA

Felizmente, o povo fizera orelhas moucas aos apelos da rádio e estava na rua. Dos estudantes chegavam já notícias de novas manifestações contra a guerra colonial que, aliás, foram uma constante do último ano, mesmo sob as cargas da repressão. Ao fim de 24 horas de hesitações da Junta, o povo franqueia a porta de Caxias e Peniche aos presos políticos. Sem abandonar de imediato a clandestinidade - o futuro era ainda uma incógnita - há que redigir e imprimir desde logo novos manifestos.

NEM MAIS UM SÓ SOLDADO PARA AS COLÓNIAS! A nova manchete, desta vez, acerta em cheio na mouche. É o grito que, entre Vivas à Liberdade, marcará o histórico 1º de Maio de 74 e será ampliado de praça em praça, de rua em rua, tornando inviáveis os planos de um qualquer federalista neo-colonial. Como fez questão de lembrar o actual Presidente da República [Mário Soares], prosseguir a guerra tornara-se impossível. Em Julho, o general do monóculo, chorando perante as câmaras de televisão, é obrigado a rasgar os sonhos de passado do seu Portugal e o Futuro e a reconhecer a independência das colónias.

Orgulhamo-nos de pertencer a uma geração que considerou os movimentos de libertação nacional os melhores aliados da classe operária e do povo português. Juntos, ajudámos a dar a machadada final no fascismo e em 500 anos de Império, que ruiu sem honra nem glória.

... O POVO É QUEM MAIS ORDENA!

Os primeiros meses foram decisivos para marcar o rumo dos 580 dias que vão do 25 de Abril de 1974 a 25 de Novembro de 75. Foi um período exaltante e ímpar da nossa História moderna, que hoje ainda não podemos avaliar em toda a sua dimensão, imortalizado em quatro letras apenas: PREC - Processo Revolucionário Em Curso.

O movimento operário e popular entrara em cena no grandioso 1º de Maio de 74 e tomava consciência da sua força. Inicia-se então um percurso vertiginoso, que vai determinar toda a evolução política. Após a grande unidade na festa do derrube do fascismo, teve lugar a inevitável e salutar clarificação de projectos para o futuro de Portugal. Como sempre acontece nos períodos revolucionários, todas as classes e forças políticas manifestaram com rara nitidez a sua verdadeira natureza e objectivos.

A primeira clivagem entre o povo, que aspira a mudanças profundas, e as forças reaccionárias, que apenas pretendiam rebocar o edifício do regime, dando-lhe uma fachada democrática e salvando o que fosse possível do sistema colonial. Estas englobavam Spínola, Sá Carneiro e a ala liberal do marcelismo. Sofreram uma primeira derrota com a queda do Governo Palma Carlos e são praticamente afastados da área do poder depois do 28 de Setembro.

A este caminho de retomo ao passado opunha-se um vasto leque de forças democráticas, entre as quais o PS e a socia-democracia desempenhavam já um lugar de centro e conciliação com a conspiração reaccionária. A ala progressista do MFA passa a ter maior protagonismo com os governos de Vasco Gonçalves e a formação do COPCON, liderado por Otelo.

No movimento operário e popular, inicia-se também uma diferenciação entre duas correntes fundamentais. Uma, maioritária e liderada pelo PCP, apoia-se num prestígio inegável, ganho durante a luta antifascista, e participa com influência crescente nos governos provisórios. Dirige e incentiva grandes movimentações de massas, mas subordina-as sempre a um papel de pressão por baixo para reforçar as suas posições no governo. Alimenta a ilusão da conquista gradual do poder apoiado na ala esquerda do MFA. Não hesita em considerar 'inconvenientes, esquerdistas e reaccionárias' as movimentações que escapam ao seu controlo e possam perturbar aquele objectivo.

É com espanto e indignação que muitos operários de vanguarda vêem o PCP atacar greves como a dos CTT ou da TAP, manifestações como as da Lisnave (pelo saneamento dos fascistas e lacaios do Mello) e das Inter-Comissões de Trabalhadores (contra a esquadra da NATO em Lisboa), chegando ao ponto de acusá-las de 'fazerem o jogo da reacção'... Esta linha reformista lança hesitações e vacilação,constituindo objectivamente um travão para o movimento operário em ascensão.

Outra corrente, revolucionária, emerge das lutas operárias mais radicalizadas e procura resposta sobretudo nos grupos marxistas-leninistas, ainda dispersos e incapazes de constituírem uma direcção política alternativa ao reformismo. Esta corrente, com a preocupação fundamental de dar força ao povo, parte ao assalto dos céus sem grande consciência desse facto e é vítima de algum infantilismo político.

Mas representa a parte mais sã do movimento operário. Mesmo longe da área do poder, tem uma influência inegável na evolução política. De certa forma, pode-se dizer que a intentona spinolista de 28 de Setembro começou a abortar em 12 de Setembro, na manifestação da Lisnave. A classe operária ganha independência política, obriga os conspiradores a sair da toca e precipita os seus planos, levando-os à derrota

OPERÁRIOS E CAMPONESES, SOLDADOS E MARINHEIROS - UNIDOS VENCEREMOS!

Eis a nova bandeira que progressivamente ganha as fábricas, as ruas e os quartéis. Forja-se a partir da recusa de soldados e oficiais milicianos a reprimir greves como a dos CTT (prisão de Anjos e Marvão). Passa pela manifestação da Lisnave que força o levantamento do cerco militar ao estaleiro e ao longo da qual se erguem os primeiros punhos fardados. Culmina com a participação maciça de soldados e marinheiros - filhos do povo fardados - nas lutas e manifestações e na sua organização independente, em Comissões de Soldados. Inicia-se a desagregação das forças armadas, como pilar do poder da burguesia.

SOLDADOS, SEMPRE, SEMPRE AO LADO DO POVO é a sentença que dita a derrota do golpe spinolista do 11 de Março. O general do monóculo, que se demitira de Presidente da República a seguir ao 28 de Setembro, foge como ladrão de material de guerra e organiza os bandos terroristas do ELP e do MDLP.

11 DE MARÇO: NACIONALIZAÇÕES, REFORMA AGRÁRIA, CONTROLO OPERÁRIO...

Após o 11 de Março, a situação toma-se abertamente revolucionária. O MFA constitui o Conselho da Revolução e decreta a nacionalização da banca, dos seguros e da grande indústria - sem tocar, no entanto, no capital estrangeiro: a tradicional dependência da burguesia portuguesa, mesmo a mais radical, fê-la vacilar diante do imperialismo. Inúmeras empresas, com os patrões em fuga, são colocadas sob controlo operário. Comissões de Trabalhadores, Comissões de Moradores e de Soldados emergem como frutos inovadores da crise revolucionária em Portugal e chegam a proclamar-se "órgãos do poder popular" - poder que nunca tiveram, verdadeiramente.

Nos campos do Alentejo e Ribatejo as ocupações de terras, abandonadas e saqueadas pelos latifundiários, tomam-se uma vaga imparável. Para a história fica o registo de um comunicado da Direcção do Sindicato dos Agrícolas de Beja, de Abril de 75, acusando as primeiras ocupações de 'esquerdistas' e 'reaccionárias', aconselhando os trabalhadores a esperar pela lei da Reforma Agrária do 'nosso Governo'. Não esperaram: em breve, mais de um milhão de hectares dariam corpo às Cooperativas e UCP's - Unidades Colectivas de Produção. A Lei chegou com vários meses de atraso e já com a armadilha dos famosos 51 mil pontos de reserva aos latifundiários, que seria o princípio do assalto à Reforma Agrária.

A crise revolucionária manifesta-se abertamente como uma crise de poder: as classes dominantes já não conseguem dominar como dantes, os explorados e oprimidos recusam a sua dominação. 'Governos de transição', que proclamam a 'fidelidade à Revolução Socialista', são a expressão máxima da instabilidade e da crise do poder burguês.

RESERVAS DA BURGUESIA

No entanto, a burguesia tinha ainda diversas cartadas para jogar, enquanto o movimento operário e popular era atravessado por sérias debilidades e contradições. A principal consistiu em o proletariado se ter limitado ao papel de pressão por baixo, faltando-lhe uma direcção política capaz de retirar a condução do processo e o poder das mãos da burguesia liberal e da pequena burguesia reformista, simultaneamente aliadas e em disputa no seio dos governos provisórios.

O partido com mais influência no seio da classe operária - o PCP - foi o principal teorizador da aliança Povo - MFA como motor da revolução e da mistificação da via pacífica e parlamentar para o socialismo. Juntamente com a ala esquerda do MFA, encarnou a política de submissão do proletariado à hegemonia pequeno-burguesa que funcionou, objectivamente, como última reserva do regime burguês.

A mobilização de grandes massas camponesas do Norte, Centro e Ilhas, como instrumento da contra-revolução, foi possível pelo atraso da luta de classes nos campos, que não permitiu forjar a aliança operário-camponesa e libertar essas massas da direcção da burguesia. A diminuição drástica da população activa no campo, a sua ruína e proletarização, impulsionadas pelo processo de integração europeia perspectivam um quadro muito diferente para o futuro.

O 25 DE NOVEMBRO EM MARCHA...

O Verão de 75 foi palco de uma disputa politica sem paralelo. O movimento operário e popular não ficou parado. Manifestações como a de 21 de Agosto (apoio ao Documento do COPCON), as da Rádio Renascença e do Terreiro do Paço; a greve da construção civil e o cerco a S. Bento, em Novembro; quartéis como o RALIS (com o célebre juramento revolucionário dos soldados, de punho erguido) ou a PM, permanecem como marcos no imaginário do PREC.

Mas a grande burguesia e o imperialismo não dormiam: usam em proveito próprio os resultados das eleições para a Constituinte e manifestam-se na Alameda, sob a capa socialista do PS e do Grupo dos Nove.

A social-democracia europeia, sobretudo alemã, jogará um papel determinante na conjugação de forças com os americanos para abortar o processo revolucionário. As bombas do ELP e do MDLP, os assaltos às sedes de partidos de esquerda e sindicatos, no Norte, completam o cenário. O espectro da guerra civil e Chile paira como uma ameaça real.

O 25 de Novembro tem como pretexto a aventura da ocupação de bases aéreas pelos pára-quedistas, chefiados por figuras da conhecida 5ª Divisão do MFA, que colhe de surpresa os trabalhadores e as unidades dirigidas pelas forças revolucionárias, maioritárias na Região Militar de Lisboa. Chefiados por um obscuro tenente-coronel - Eanes- o triunfo dos golpistas é quase um passeio dos Comandos de Jaime Neves, ensanguentado pelas mortes de dois soldados da PM e de alguns populares.

Algumas perplexidades do 25 de Novembro ficaram sem resposta. Conhecidas as ingerências da superpotência americana e da NATO, que papel tiveram os encontros Ford-Brejnev no desfecho de acontecimentos coincidentes com o 25 de Novembro, como a retirada sul-africana quase às portas de Luanda (ainda antes da chegada em força dos cubanos) e a tragédia de Timor-Leste, com a invasão indonésia em 7 de Dezembro de 75?

Nos meses imediatos ao 25 de Novembro, o PREC teve ainda algumas réplicas. Militares de Abril são presos e libertados. Homens como o padre Max são assassinados à bomba. Os 800 mil votos na candidatura de Otelo à Presidência representam, a nível político, o culminar do movimento revolucionário, já em Junho de 76. Mas a luta de classes profunda entrara já em maré vazante. Em Julho toma posse o 1º Governo Constitucional de Mário Soares, institucionalizado o regime democrático burguês. Em Agosto, Spínola regressa pela mão de Eanes e Soares. Hoje marechal das Forças Armadas mas pertence, definitivamente, aos condenados pela História.

SEMENTES DO FUTURO

Os 580 dias do PREC deixaram na sociedade portuguesa marcas profundas. As conquistas de Abril, alcançadas em pouco mais de um ano de crise e de luta tiveram consagração na Constituição de 1976. Até as mais avançadas, como a Reforma Agrária e as nacionalizações, perduraram mais de dez anos debaixo do fogo constante dos governos burgueses e reaccionários.

Mas o verdadeiro saldo do PREC fica marcado para o futuro, no próximo encontro com a História. Em toda a sua riqueza e complexidade, os acontecimentos de Abril encerram uma lição fundamental. A burguesia portuguesa, timidamente liberal e republicana em 1820 e 1910, terá esgotado em 25 de Abril o potencial democrático, as veleidades nacionalistas e o seu papel histórico de progresso. Após o 25 de Novembro, sem projecto de futuro para a sociedade portuguesa, entrega-se sem condições nos braços do imperialismo europeu. Fundiu-se com a oligarquia financeira que domina a UE, foi a única saída que restava à burguesia portuguesa para se manter como classe dominante, mesmo num lugar subalterno.

Novos passos decisivos para o progresso histórico da nação portuguesa só serão possíveis contra a burguesia, exigem o derrube do regime de capitalismo dependente e colocam como única saída o socialismo. Só o proletariado está em condições de dirigir e ser o principal actor deste processo de transformação revolucionária, unindo em tomo de si o semiproletariado, o pequeno campesinato sobrevivente à PAC e a maioria da pequena burguesia empregada e de pequena propriedade - cerca de 70% da população.

E, já que o Capital está a fundir os nossos destinos, também o processo da revolução socialista em Portugal se entrelaça ainda mais com a luta da classe operária e dos povos europeus, em particular com os das restantes nações ibéricas. É difícil conceber o triunfo da nossa revolução fora de um contexto geral de crise política, económica e social na Europa. O seu percurso tomou-se assim mais complexo, mas uma vitória decisiva do socialismo no coração do imperialismo europeu, será muito mais demolidora para o Capital.

Alberto Matos

publicado originalmente no número comemorativo "Abril 20 anos" da revista

Pespectiva. 5 (abril 1994) 17-24.

CRONOLOGIA

ABRIL 74

25 – Golpe militar do MFA com enorme adesão popular, derruba o governo de Marcelo Caetano e põe fim a 48 anos de regime fascista. O poder é entregue a uma Junta de Salvação Nacional, constituída por Spínola (designado Presidente da República), Costa Gomes, Pinheiro de Azevedo, Rosa Coutinho, Galvão de Melo e Silvério Marques.

26 É divulgado o Programa do MFA, pela voz de Melo Antunes.

MAIO 74

1 – Grandiosas manifestações de festa e unidade no 1º de Maio: em Lisboa, da Alameda ao Estádio 1º de Maio, no Porto e um pouco por todo o pais.

15 – Posse do 1º Governo Provisório,presidido por Adelino da Palma Carlos e integrado por ministros do PPD, PS, MDP e PCP.

14 – Surto de greves, que prossegue no Metro (24) e na Carris (27).

19 – Milhares de trabalhadores acorrem a Baleizão no aniversário do assassínio de Catarina Eufémia, cujos restos mortais são transferidos do cemitério de Quintos.

29 – Spínola visita o Porto.

JUNHO 74

13 – Spínola exige plenos poderes, em reunião na Manutenção Militar, apoiado por Sá Carneiro.

17 – Greve dos CTT, atacada por todos os partidos do governo.

20 – Prisão dos milicianos Anjos e Marvão, por recusarem reprimir a greve dos CTT.

25 – Palma Carlos reclama mais poderes para "impor a ordem e pôr cobro à anarquia".

JULHO 74

8 – Greve dos Pescadores.

9 – Palma CarIos demite-se.

18 – Posse do 2º Governo Provisório, com o primeiro ministro Vasco Gonçalves e integrado pelo PPD, PS. PCP.

11 – Spínola chora na TV, ao ser obrigado a reconhecer o direito à autodeterminação e à independência dos povos das colónias.

29 – Manifestação exige o fim da guerra colonial.

AGOSTO 74

12 – Revolta dos pides na Penitenciária.

15 – Manifestação de apoio ao MPLA - repressão policial faz primeiro morto pós-25 de Abril.

27 – Greve da TAP.

SETEMBRO 74

6 – Silva Cunha e Moreira Batista (ex-ministros do Utramar e da propaganda de Marcelo Caetano) são libertados.

12 – Marcha não autorizada de milhares de operários da Lisnave sobre Lisboa, envergando fato-macaco e capacetes. O então secretário de Estado do Trabalho, Carlos Carvalhas, acusa os manifestantes de 'violação da legalidade democrática' e adverte-os para as consequências deste acto.

13 – Partido "Liberal" lança "maiorias silenciosas".

28 – Barragens populares ditam o fracasso da intentona spinolista.

OUTUBRO 74

1 – Posse do 3º Governo Provisório, de novo chefiado por Vasco Gonçalves.

5 – Feriado de "trabalho voluntário para a Nação", recusado em muitas empresas.

5 – 7º Congresso (Extraordinário) do PCP retira a ditadura do proletariado do seu Programa.

NOVEMBRO 74

7 – Manifestação contra comícios do CDS, condenada pelo governo e pelo PPD, PS e PCP.

16 – O novo embaixador dos EUA e homem forte da CIA, Frank Carlucci, apresenta credenciais em Belém – entre elas a experiência dos golpes do Brasil e do Chile.

26 – Ocupações de casas em Chelas.

29 – Champalimaud apresenta plano económico.

DEZEMBRO 74

13 – COPCON prende capitalistas.
15 – Termina o 1º Congresso do PS.

JANEIRO 75

15 – Acordos de Alvor para a Independência de Angola com o MPLA, UNITA e FNLA.

19 – Manifestação de apoio à Unicidade Sindical.

21 – Confirmação da Unicidade Sindical e marcação das eleições para 25 de Abril.

25 – Boicote ao Congresso do CDS, no Porto.

FEVEREIRO 75

7 – Manifestação das Inter-Comissões de Trabalhadores, com muitos milhares na rua contra a presença da esquadra da NATO em Lisboa. Octávio Pato, na televisão, acusa a manifestação de reaccionária e apela aos lisboetas para 'entregarem flores aos marinheiros da NATO'.

7 – Aprovação do Plano Económico.

19 – Início da greve da Rádio Renascença.

25 – Boicote ao comício do PDC, em Lisboa.

MARÇO 75

7 – Boicote ao comício do PPD em Setúbal – o operário João Manuel é morto a tiro pela polícia.

11 – Derrota do golpe raccionário spinolista, após bombardeamento aéreo do RAL 1 e morte do soldado Luís. Barragens populares e ocupação dos bancos.

12 – A Rádio Renascença volta a emitir, sob controlo dos trabalhadores.

15 – O Conselho da Revolução declara as nacionalizações e a Reforma Agrária.

25 – Posse do IV Governo Provisório, novamente chefiado por Vasco Gonçalves, com o reforço do PCP e o regresso do MDP ao Governo.

ABRIL 75

Ocupação de latifúndios e de casas devolutas.

11 – Primeiro Pacto MFA-Partidos.

14 – Decreto do IV Governo legaliza as ocupações de casas até esta data, mas ameaça
com prisão quem ocupar novas casas. As ocupações continuam...

25 – Eleições para a Assembleia Constituinte – o PS é o partido mais votado, seguindo-se o PPD, PCP, CDS e MDP. A UDP elege um deputado.

MAIO 75

1 – Manifestações, com conflitos PS-PCP no Estádio 1º de Maio.

17 – Manifestação dos bairros pobres de Lisboa e do Porto.

19 – Os trabalhadores do jornal República expulsam a administração.

O PS faz 'greve ao governo'.

No 21º aniversário do assassinato de Catarina Eufémia, em Baleizão, Álvaro Cunhal senta-se ao lado de um comando da 'nova GNR democrática'.

27 – Ocupação da Rádio Renascença, 'ao serviço da classe operária e do povo trabalhador'.

30 – PS termina a 'greve ao governo' e reassume o seu lugar no mesmo.

JUNHO 75

2 – Abertura dos trabalhos da Assembleia Constituinte.

19 – Plano de Acção Política do MFA.

Manifestação no Patriarcado contra a administração da Rádio Renascença.

25 – Três mil trabalhadores da TAP cercam a administração.

JULHO 75

10 – PS retira-se do IV Governo Provisório.

16 – Manifestação do "Poder Popular" com apoio do RALIS (ex-RAL 1).

17 – Manifestação do PS e toda a direita na Fonte Luminosa, em Lisboa.

18 – Manifestação de apoio à Aliança Povo-MFA, no Porto.

25 – José Diogo, absolvido por um Tribunal Popular, em Tomar, é libertado.

29 – Fuga de 89 pides da cadeia de Alcoentre.

AGOSTO 75

7 – É divulgado o "Documento dos Nove", da ala social-democrata do MFA.

13 – É publicado o "Documento do COPCON", de orientação revolucionária.

15 – Manifestação de apoio ao "Documento dos Nove".

20 – Manifestação de 100 mil pessoas de apoio ao "Documento do COPCON", em Lisboa.

25 – É constituída a FUR- Frente de Unidade Revolucionária - pelo PCP, MDP/CDE, MES, PRP, FSP, LCI e LUAR. O PCP retira-se pouco tempo depois para integrar o VI Governo Provisório, com Pinheiro de Azevedo em primeiro-ministro.

29 – Demissão de Vasco Gonçalves e queda do V Governo Provisório.

SETEMBRO 75

5 – Assembleia do MFA em Tancos reforça posições do "Grupo dos Nove" e da direita.

10 – Manifestação dos SUV ("Soldados Unidos Vencerão") no Porto.

19 – Posse do VI Governo Provisório, chefiado por Pinheiro de Azevedo, com o PS e PPD em clara maioria e o PCP em posição muito enfraquecida.

20 – Manifestações dos deficientes das Forças Armadas contra o governo.

25 – Novas manifestações dos SUV e libertação de dois soldados do forte da Trafaria.

29 – VI Governo manda ocupar militarmente as emissoras, entre elas a Rádio Renascença.

OUTUBRO 75

1 – Grande comício no Campo Pequeno comemora o 5º aniversário da Intersindical.

2 – Manifestação de mais de 20 mil operários e trabalhadores rurais consegue travar repressão sobre soldados da base Aérea de Beja, por participarem fardados nas manifestações das Inter-Comissões de Trabalhadores e Moradores.

7 – Ocupação do CICAP/RASP, no Porto, por forças do reaccionário Pires Veloso, Comandante da Região Militar Norte.

9 – Criação do AMI - corpo militar repressivo do VI Governo – à margem do COPCON.

21 – Gigantesca manifestação popular reabre Rádio Renascença – poucos dias depois, o VI Governo mandará destruir à bomba o respectivo emissor.

NOVEMBRO 75

10 – 123 oficiais abandonam a Base Aérea de Tancos, dominada pelos soldados, que se revoltam contra a sua utilização na explosão do emissor da Rádio Renascença.

12 – Greve da Construção Civil, manifestações e cerco do Palácio de S. Bento.

18 – VI Governo Provisório declara-se 'em greve até ter condições para governar'....

21 – Manifestação em Belém contra o VI Governo Provisório.

25 – Golpe militar reaccionário, com o estado de sítio decretado na Grande Lisboa. Prisão de Otelo e de outros militares de esquerda.

DEZEMBRO 75

Consequências imediatas do 25 de Novembro.

11 – Nova Lei (reaccionária) das Forças Armadas.

21 – Manifestação em Custóias pela libertação dos militares de esquerda presos.

28 – A Rádio Renascença é devolvida à hierarquia da Igreja Católica.

 

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