Sem Ciência não há futuro Versão para impressão
Terça, 13 Novembro 2012

sem ciencia nao ha futuro

Há cerca de três semanas os bolseiros de investigação científica entregaram ao Ministro da Educação, Nuno Crato, uma carta intitulada “Sem Ciência não há futuro”.

Não se trata apenas de mais um grupo social a reclamar o cumprimento de responsabilidades básicas por parte do Ministério da Educação e Ciência. Trata-se essencialmente de reclamar o futuro de um país. Nunca um governo desinvestiu tanto na Educação e na Investigação Científica. Nunca um país desaproveitou desta forma o enorme potencial científico que a geração mais qualificada da história deste país proporciona. 
A investigação científica é, no fundo, o motor da evolução humana. Permite o desenvolvimento da medicina, da tecnologia, do conhecimento humano e social. Que este governo não está interessado num país evoluído, educado e competitivo já todos percebemos. Só assim se explica o total desprezo a que vota os bolseiros de investigação científica do país. 
Estes especialistas constituem hoje o maior número de trabalhadores científicos no país. São responsáveis pelas tarefas técnicas e práticas associadas à maior parte dos projectos de investigação, desde a concepção e gestão de projectos ao tratamento e análise de resultados. Têm vindo a assumir crescentes responsabilidades sem que encontrem paralelo na retribuição, direitos ou reconhecimento. São trabalhadores de facto mas não perante a Lei. Os projectos de Lei do Bloco de Esquerda e do PCP para a alteração do estatuto dos bolseiros foram, mais uma vez, recentemente chumbados pela maioria parlamentar. Os valores das bolsas de investigação não são actualizados há mais de dez anos o que, aliado às medidas de austeridade de que também são alvo, significam uma perda de poder de compra na ordem dos 25% ameaçando a sobrevivência de muitos destes trabalhadores. Continua a ser-lhes vetada a inscrição no regime geral da Segurança Social, sendo relegados para o Seguro Social Voluntário que garante unicamente protecção na doença e parentalidade. Muitos, perante os atrasos incomportáveis no reembolso destes valores já desistiram aliás desta protecção mínima. Vêem frequentemente as suas bolsas de investigação canceladas ou suspensas por tempo indeterminado resultado dos cortes cegos que este governo tem vindo a aplicar. Durante os períodos em que esperam pela renovação ou reabertura das bolsas, que pode demorar meses, não recebem qualquer apoio e suspendem a vida. Nunca sabem quando estarão quatro, cinco ou mais meses sem qualquer rendimento e sem qualquer meio de sobrevivência. Estas são as condições de vida e são a precariedade a que está votado quem contribui activamente para a evolução do país. 
Gostaria de afirmar que os membros do governo reconhecerão o erro colossal que significa este desinvestimento na investigação científica de cada vez que necessitarem de um novo tratamento de saúde e não o tiverem, de cada vez que quiserem saber mais sobre factos económicos, históricos ou sociais e não puderem ou de cada vez que desejarem utilizar uma nova tecnologia e esta não funcione, mas duvido que aconteça. É que estes, que agora querem fazer recuar o país 40 ou 50 anos, são aqueles que não hesitarão em beneficiar dos avanços da investigação científica noutros países. São aqueles que têm os meios económicos para o fazer. São aqueles para quem o futuro nunca acaba. O passado deixam-no a quem não lhe pode fugir e àqueles que se recusam a deixar morrer o país. Por isso é tão importante fazermos ouvir a nossa voz. Por isso é tão importante a participação na Greve Geral de 14 de Novembro, de todas e todos os bolseiros de investigação, bolseiros de doutoramento, colegas, familiares, amigos e de quem não admita assistir à destruição do país sem dar luta. 
No dia 14 de Novembro todas e todos aqueles que fazem ciência, que recusam o regresso ao passado e que acreditam num futuro diferente devem vir para a rua juntar as suas vozes às de outros e gritar bem alto: “Sem ciência não há futuro!”

Sandra Cunha

 

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