Liberalismo e Fascismo: Uma Compatibilização Possível Versão para impressão
Quinta, 13 Setembro 2012

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Muitos estudiosos do Pensamento Político, se atentassem ao título acima expresso, julgar-me-iam vindo da Parvónia. Mas a realidade que virei a descrever comprovará e justificará o título adotado. Os factos históricos que apresentar inserem-se num contexto histórico específico: o 11 de Setembro de 1973 e o Terrorismo. Convém recordar que o Terrorismo, antes de ser noticiado como vindo do Oriente, já havia sido praticado pelo Imperialismo Ianque, em que todo esse período histórico é rico em exemplos de como o terror pode ser posto em prática com apoios vindos do Tio Sam.
A 4 de Novembro de 1970, algo impensável sucederia. Salvador Allende, liderando a coligação de Esquerda “Unidade Popular”, deixaria o capitalismo imperialista boquiaberto, assumindo, assim, o Governo Chileno. Surpresa das surpressas: o jogo político à época realizava-se segundo as regras democráticas como aquelas em que nos inserimos. O impensável abatia-se sobre o trono imperial. Pela primeira vez em toda a História, o Marxismo, suportado e apoiado pelas fileiras populares alcança o Poder. O retrocesso é impossível e a Via Chilena para o Socialismo já presenciava na História Mundial, por muito que o Ocidentalismo relegue para segundo plano o facto. Suportando-nos nas palavras do Senador Pedro Simon: “ É difícil encontrar alguém com o espírito de luta, a coragem e a história de Allende. Ele foi um homem que, na verdade, teve o nome marcado na história: democraticamente a esquerda chegou ao poder, e pelas bombas foi apeada do governo”. Bem sabemos qual a forma como Richard Nixon (à época Presidente dos EUA), se dirigia ao Presidente Allende nas conversas privadas que levava a cabo.
Allende e o Governo Popular conseguiriam lutar incessantemente contra as forças traidoras e terroristas, nomeadamente as de Extrema-Direita, durante aproximadamente, três anos. O jogo sujo levado a cabo pelos imperialistas chegou ao desplante de subsidiarem os media europeus para promoverem vexames sobre o Governo marxista. A Política havia chegado a um nível de tremenda baixeza e repugnância.
Variadíssimos nomes ficariam conotados com o derrube do legítimo governo democrático, como foram Nixon, Kissinger, Augusto Pinochet, a CIA, o Patria y Libertad ou os Democratas-Cristãos, mas no geral todos estes nomes agiram em função de um epíteto: o capitalismo imperialista. Ajudando a denegrir a imagem e a derrubar o Governo de Allende, os EUA seguiriam uma linha de apoio e “solidariedade” para com o governo fascista, desde então liderado por Augusto Pinochet, uma personalidade em quem Allende confiava e havia estado nas vésperas na casa do mesmo, no intuito de declarar o seu apoio, enquanto General das Forças Armadas. Por um lado, a extrema-direita chilena impunha medidas de claustrofobia social no seio da sociedade, destacando-se pelos seus métodos sanguinários e terríficos levados a cabo. Toda a estrutura político-social estava sob um panorama Fascista, sendo que em 17 anos (1973-1990), o regime político de Pinochet ficaria na História pela sua barbaridade. O campo económico, por sua vez, deteve a indubitável marca do imperialismo americano. A liberalização da economia chilena foi decisiva para o apoio continuado dos mesmos. Estava criado o embrião do neoliberalismo que Thatcher e Reagan seguiriam religiosamente.
Digamos que, pensadores como F. Hayek, estavam redondamente enganados quando afirmavam a compatibilidade e aliança/proximidade entre Marxismo e Fascismo quanto à fixação de um inimigo comum: o Liberalismo. A História comprovou-nos que Fascismo e Liberalismo podem atuar em consonância, enquanto o Marxismo, interpretado em toda a sua singularidade, somente serve o Povo rumo a emancipação do agrilhoamento prestado por uma Sociedade de Consumo dominada por interesses egoístas.
Allende e a sua luta marcam toda uma mensagem perpetuada no tempo que nunca se deve esfumaçar perante a luta popular. Elas ficaram célebres: “Não vou renunciar. Colocado no caminho da História pagarei com minha vida a lealdade do povo. E digo que tenho certeza de que a semente que deixamos na consciência digna de milhares e milhares de chilenos não poderá ser ceifada definitivamente. Eles têm a força, poderão submeter-nos, porém não deterão os processos sociais nem com crimes nem com a força. A história é nossa e é feita pelo povo". Se a violência e a barbaridade são armas do Fascismo, o Marxismo suportado pelo Povo, detém a firmeza de espirito e o Amor. A situação presente é propícia para recordar os anos vivenciados pelos chilenos sob o signo da repressão e opressão, em que meramente um Povo alerta poderá lutar incessantemente. A atualidade faz-nos recordar as singelas palavras de Trotsky: “A vida é bela. Que as futuras gerações a livrem de todo mal e opressão, e possam desfrutá-la em toda sua plenitude”.

Tiago Ramalho

 

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