O ser Português desde pequenino Versão para impressão
Quarta, 01 Agosto 2012

 

lusito

Desde os primórdios da infância que é incutido nas crianças uma certa ideia de amor à pátria, provavelmente como herança histórica do estado novo ou da idade medieval. Porém foi também em novo que comecei a questionar esse valor nacionalista que sempre me rodeou, que sempre esteve por perto, na televisão, no café, na escola… Dei por mim a perguntar-me porque é que haveria de ter orgulho no país onde nasci, se nem sequer o escolhi, porque é que haveria de salvar a bandeira e de me emocionar quando ouvisse o hino se apenas tive o azar ou a sorte de vir ao mundo neste canto do planeta?

Fui crescendo a pensar na clara estupidez que era tanto amor por algo tão vago. E muitos dirão que amar a pátria é amar a família, no entanto a única diferença é que a família existe e não tem de ser amada, já da pátria apenas conheço símbolos e uma obrigação social e cultural de a venerar.

Anos mais tarde percebi o valor que esta alienação entre individuo e o seu país tinha, era mais uma forma de subjugar o valor do individuo ao valor da pátria, era mais uma forma de o ter controlado sob o argumento de um país mais forte, sob a velha máxima da soberania nacional. Uma forma que teve efeitos secundários fatais, já que foi este discurso que levou a extrema-direita ao poder no século XX em vários pontos da Europa, foi este discurso que assassinou milhares de judeus no holocausto, foi este nacionalismo exacerbado que alimentou e continua a alimentar centenas de movimentos neo-nazis. Foi este argumento de que o individuo existe para servir o seu país que fez com que milhares de pessoas acreditassem que eramos iguais aos nossos compatriotas e diferentes de todos os outros homens.

Mas será realmente a identidade nacional que nos une como pessoas? Seremos nós o produto vivo de uma existência que ultrapassa o campo geográfico e que entra pelos valores morais daquilo que somos e do que defendemos? Não, nós somos mais do que isso.

Já Marx dizia que a “Pátria do trabalhador é o trabalho”, e nada mais acertado do que admitir que socialmente seremos o que a nossa consciência de classe ditar e não o que a pátria aceitar. Seremos mais do que uma bandeira porque cidadãos só mesmo do mundo.

E na luta de classes onde todos aqueles que lutam pela emancipação se encontram, lado a lado, não há espaços para irracionalidades porque quem diz que é português desde pequenino diz a verdade sob a forma perigosa de uma mentira.

André Moreira

 

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