Será que Seguro vai substituir Relvas? Versão para impressão
Terça, 17 Julho 2012

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A manifestação desta segunda-feira, em que se pedia a demissão de Relvas, foi um sintoma do estado a que chegou o Estado burguês realmente existente – as pessoas perderam o respeito pelo governo.

O caso Relvas e o caso do pagamento de subsídios a membros dos gabinetes governamentais, enquanto são cortados aos funcionários públicos, demonstram um poder sem moral1, sem dignidade e trafulha. Também por aqui se vê a crise “dos de cima”, a putrefação que o povo cheira à distância e fragiliza pilares fundamentais do suporte do aparelho de Estado.

Presumo que este governo se comece a tornar incómodo para a elite dominante – não porque ele não faça a sua política – mas porque essa mesma política precisa de mais repressão, de mais tensão social / diferenciação de classe e de mais autoridade, e este governo começa a estar fragilizado nas condições para o impor.

Se a moral e a ética do regime têm a repulsa das massas o regime tem de recuperar essa capacidade de alienação. Se mais medidas de roubo são necessárias talvez o regime tenha de procurar uma base de apoio mais alargada. Se o cumprimento do programa da troika trouxer novos dados de fracasso e novas medidas se impuserem as tensões sociais poderão alargar-se. Se tudo isso ocorre em cima de uma crise económica em que se salvam os banqueiros sacrificando os pobres a consciência de classe pode dar um pulo e avançar.

Quando milhões de pessoas sofrem e se esforçam para que os filhos tirem um curso e o regime só tem para lhes oferecer salários mínimos é toda uma vida de sacrifício feito em nome da esperança que acaba por ruir. O governo não tem nada para dar e o povo começa a ter pouco a perder. O neo-conservadorismo sabe bem que só pode oferecer mais exclusão social e para isso tem de recorrer a mais autoritarismo e populismo.

O governo conseguirá fazer sozinho um 2º resgate nas actuais condições políticas? Poderá ser futurologia mas começa a cheirar a remodelação, não uma remodelação qualquer, mas a uma remodelação em nome da salvação nacional – um governo PSD, PS, CDS. O poder está fraco. Os arrufos de Seguro, sustentados em viabilizações consecutivas das medidas troikianas, são mais sinónimo de tomada de posição para negociações do que ruturas com o austeritarismo. Em nome da moral, o cumprimento da palavra dada e assinatura troikiana, Seguro poderá aceder às ordens superiores. Em nome da moral, do superior interesse nacional, Seguro poderá colocar os interesses do país acima dos interesses do partido. “O país chama pelo PS”.

Será que Seguro vai substituir Relvas?

Victor Franco

Nota

1) Na verdade a verdadeira moral do regime, só com a diferença de se tornar visível aos olhos das massas.

 

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