Amor sim, mas sem violência Versão para impressão
Terça, 14 Fevereiro 2012

dia_dos_namorados_e_das_namoradas

Comemoramos hoje o dia d@s namorad@s, um pouco por todo o lado, na rua, televisão e rádio, a publicidade faz-se sentir no apelo ao consumo (flores, chocolates, perfumes, bijuterias, etc), promoções em restaurantes que simbolicamente preparam jantares românticos multiplicam-se, na televisão uma vasta gama de programação cola namorad@s e solteir@s junto ao ecran. No entanto e apesar desta data estar mais ou menos massificada e identificada pelo romance um pouco por todo o mundo, também num dia como hoje é preciso lembrar que a violência não conhece fronteiras de estratos sociais, faixas etárias, religiões, etnias, etc, e ocorre em todos os tipos de casais (hetero e homossexuais).

De facto, vivemos uma época de crise económica e financeira e, por conseguinte, também uma época de crise social, de retrocessos civilizacionais e de, por um motivo ou outro, deficits profundos no cuidado com aspectos educativos e formativos essenciais. É num contexto onde a educação e a cultura são colocadas à prova, que temas como a violência em relacionamentos íntimos, pela sua gravidade, não podem ser esquecidos, sobretudo porque além do romance, também hoje, um em cada quatro relacionamentos íntimos entre jovens, estarão apenas a comemorar a perpetuação da violência. Apesar de esforços feitos por algumas associações, nomeadamente a UMAR com o projecto BIIG*, ainda são demasiados @s jovens que perpetuam e encaram com normalidade a manutenção de mitos associados à violência no namoro (possessividade e controlo que censura a liberdade numa relação, humilhação, desrespeito, pressão para ter relações sexuais, maus tratos físicos, emocionais e psicológicos no geral). Naturalmente que esta situação não surge ao acaso, não só não é cuidada em contextos educativos e familiares, pela falta de investimento público neste sector, como também se verifica uma persistência (exponencial) de publicidade e series televisivas portuguesas, sobretudo aquelas dirigidas a um público mais juvenil, que aludem e muitas vezes incitam à manutenção de papeis de género conservadores e à violência (mais óbvia e menos óbvia) entre casais em particular e entre os pares de uma forma geral. Efectivamente, ainda muitos são os jovens que vivem desinformados e com medo, sem alternativas, porque assim lhes é então imposto pelo incentivo ao desconhecimento, aos tabus e moralismos respeitantes à experimentação da sexualidade e à gritante indiferença por parte do governo que nada mais tem feito para além de desinvestir na educação, conhecimento e cultura. Neste panorama, não será através de spots publicitários de um minuto, uma vez por ano, contra a violência doméstica no geral, que as vitimas se poderão empoderar e ganhar armas para remar contra a maré e ganhar voz entre tantas outras que @s mandam calar.

Em algumas iniciativas do grupo de jovens do bloco de esquerda do distrito de Setúbal, respeitantes a este tema, no último trimestre do ano de 2011, pudemos observar como são vári@s @s jovens que procuram informação e se sentem impotentes face ao problema. Esta situação é tanto mais grave, uma vez que é maioritariamente nas primeiras relações de namoro, molde de outras que surjam na vida adulta, que ocorrem situações de violência. É na fase da adolescência que a pressão dos pares é maior, pela sua importância no desenvolvimento da personalidade, fazendo com que o medo de rejeição seja também ele maior e a denúncia não seja, frequentemente, uma hipótese. Assim sendo, urge um trabalho continuado na prevenção, junto dos elementos educativos e das famílias para que estejam despertos para o assunto e preparados para lidar com ele, algo que não se verifica na esmagadora maioria dos casos. É então urgente um trabalho efectivo de prevenção e informação, junto d@s jovens nos seus contextos, nas suas escolas, com os seus pares.

Portanto, hoje, que se comemora o amor em postais e no consumo desenfreado, sejamos também contra a objectificação da mulher, sejamos contra o retrocesso machista e patriarcal, sejamos contra a manutenção do conservadorismo dos papeis de género, sejamos contra a imposição da ignorância, sejamos contra a violência no namoro - é gratuito.

Joana Croca

 

* “Semanas pela Igualdade delineadas e implementadas com as parcerias locais de vários concelhos da Região contarão com sessões e debates em escolas e bibliotecas, cinema, teatro, arte e cultura em espaço público, workshops, exposições, sessões de leitura e muito mais. Criaremos e ofereceremos kits bibliográficos a bibliotecas municipais e escolares da Região e procuraremos, ao longo de todo o projecto, quebrar inércias, despertar vontades, disseminar novas formas de acção na área da Igualdade de Género, fortemente motivadoras para dinamização futura de actividades.” www.umarfemininismos.org


 

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