Povo Versão para impressão
Terça, 06 Dezembro 2011

velho

povo

é o que resvala no suor do rosto

tropeça nas mãos calosas

 

povo

é o que digere o grito

trancado na fome

 

povo é a raiz

agarra-se à terra

e respira

 

cresce

e é um punho

emergindo das ruínas

 

ei-lo que estilhaça

o círculo de giz

 

povo

é o saber da gente

que consome

o que sente

 

povo

é a tela esbatida

no diário suor

da luta pela vida

 

povo

é o vocábulo restrito

que se conjuga

iludindo a fome

reprimindo o grito

 

povo

é esse osso

de desilusão

 

povo

é esta carne

p´ra canhão

 

povo

é a voz alterada

na taberna

 

povo

é este desconfiar

de quem nos governa

 

povo

é o que geme

em segredo

o punhal da fome

o silêncio do medo

 

povo

é esta amálgama

de sangue e terra

que vegeta em paz

e rebenta na guerra

 

António Joaquim Linhaça em Subterrâneos Cantares. Gritos da Resistência.

 

Nota: Subterrâneos Cantares. Gritos da Resistência contém poesia de intervenção política escrita, na sua maior parte, antes do 25 de Abril de 1974 e foi editado pelo autor em 1979. António Joaquim Linhaça, resistente anti-fascista (registo de presos da PIDE n.º 25680), é também autor de  Isto aqui prá gente (Unir o Povo, 1986); Às andorinhas não dizemos adeus (António Linhaça, 1984); Canto - Abril: poemas (Em Marcha, 1980); Do velho forja o novo (António Linhaça, s/d) .
 

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