Educação interrupted Versão para impressão
Quarta, 12 Outubro 2011

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O plano de austeridade imposto pela troika começa a conhecer patamares que nem  ela mesma conhecia: em vez do corte previsto de 195 milhões de euros na área da educação, Crato e o PSD decidem cortar 600 milhões. Uma diferença desta magnitude só significa o que já se tem vindo a viver: o desinvestimento num dos mais importantes factores de crescimento de uma economia, a educação da sua população. Isto, claro, se quisermos entrar no jogo economicista que a direita neo-liberal utiliza para a educação.

Reduzir custos despedindo docentes ou oferecer-lhes contratos inconstitucionais, reduzir a acção social escolar, aumentando propinas; no fundo, o desincentive completo ao cidadão e cidadã a se formarem, retirando vantagem de um dos seus direitos constitucionais, a educação.

Mas a questão é mais grave ainda quando o desinvestimento brutal na educação, em todos os seus níveis, significa um retrocesso social e, mesmo, civilizacional tremendo. Se revisitarmos um pouco a História, a educação sempre foi um dos factores mais importantes para o crescimento económico (com o crescimento de mão-de-obra mais qualificada, levando, também, ao aumento de salários) e para evoluções sociais. Uma sociedade com um investimento crescente na educação é uma sociedade que cresce em termos económicos, mas também em termos intelectuais, ganha massa crítica; com o alargamento da educação a todos e a todas a própria política muda já que as pessoas vão tendo mais e mais capacidade de intervenção e de escolha consciente.

Neste momento, o que a agenda conservadora de Crato pretende é, na verdade, tornar a educação o mais autoritária possível, ao mesmo tempo que a mercantiliza; é mais uma estratégia de prepetuar o discurso da inevitabilidade da austeridade ao mesmo tempo que tenta não formar uma geração, mas formatá-la o melhor possível para os moldes neo-liberais de tratar as pessoas como números, sem direitos e sem opinião!

É, por isso, nestes tempos que a indignação tem que surgir em força nas escolas e nas faculdades. Por um lado, da parte dos alunos, uma geração cuja sina já foi escolhida pela troika e pelo PSD/CDS. Uma sina que nos diz que vamos ser a geração dos 500€ (ou menos), da falsa meritocracia, da culpabilização da geração anterior pelo que nos acontece agora! É contra esta sina, contra este falso destino que temos que nos insurgir, porque é com uma educação livre, democrática que evoluímos, para uma futura carreira profissional, mas também para a liberdade de opiniao e de pensamento que deve ser fomentada pelas escolas. Por outro lado, também os docentes têm um papel importante nesta luta, não podem continuar sem contratos dignos, sem o respeito por uma profissão importante e essencial nos dias de hoje.

É com este tipo de lutas conjuntas que devemos sair à rua, não só no dia 15 de Outubro, mas em todas as oportunidades que surgirem e que criarmos, criando, também o espaço necessário de debate livre dentro das próprias escolas, num diálogo aberto e que seja mais promissor do que o que a troika nos quer tentar impôr. Porque a resignação não traz soluções, também a “educação” tem que se erguer e lutar por si, por um futuro longe de interesses privados e com liberdade democrática!

Isabel Pires

 

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