Democracia e escolha Versão para impressão
Segunda, 23 Maio 2011

Dia 5 de Junho será um dia de escolha, como sempre o são os dias de eleições. Mas nunca, como agora, a escolha é tão definida: de um lado, temos a austeridade e a autoridade; do outro lado, temos a justiça social, económica e a democracia livre!

Vejamos o lado da austeridade. O PS tem vindo a conceber um discurso algo irónico sobre o malefício da dispersão de votos à esquerda, afirmando que o voto útil (ou se calhar não tão útil) é a solução. É quase cómico ouvirmos este discurso por parte do partido que em cerca de 6 anos mais conseguiu avançar na tentativa cerrada de destruição do Serviço Nacional de Saúde e da Educação para todos e todas (as propinas vão aumentar 1,4 % já no próximo ano lectivo bem como as bolsas de acção social continuam a reduzir-se); o PS foi o partido que mais flexibilizou os contratos de trabalho, empurrando milhares de pessoas, maioritariamente jovens, para o desemprego, bem como 2 milhões de pessoas para a precariedade.

É irónico porque o PS é o partido que protagoniza, ao lado do PSD e CDS, um dos maiores assaltos à democracia das últimas décadas, recebendo de braços abertos uma intervenção externa disfarçada de ajuda; a vinda do FMI e companheiros apenas representa a adopção de políticas para os próximos 3,4 ou 5 anos sem legitimidade política, mas à qual o arco da governabilidade não tem escrúpulos em se juntar.

Portanto, o PS, com o seu programa de direita, e em conluíu com o PSD e CDS, é o partido que já demostrou não gostar da democracia e do voto enquanto sua expressão máxima. Ninguém votou na troika nem no seu programa, não nos podemos resignar a um programa de intervenção externa, como se já interessa-se a nossa voz; a direita portuguesa (onde se incluí, claramente, PS) é completamente autista e já mostra rasgos de esquizofrenia. Primeiro em nada importa no que é o que os portugueses votam (nem nos PEC’s chegamos a votar), em quem os portugueses votam…não interessa, vêm os senhores da Fome e Miséria Internacional e é deixá-los decidir dos nossos destinos! Em segundo lugar, e apesar da grande deferência fae à troika, PS, PSD e CDS até começam a falar para os portugueses, como se agora isso interessasse muito. No entanto, é demasiado fácil desconstruir este discurso pseudo-socialista!

As acções sempre valem mais do que mil palavras, e este lado da escolha já demonstrou o pouco respeito que tem pela democracia e pelos portugueses e portuguesas: apenas responde aos interesses dos donos de Portugal e aos agiotas europeus, enquanto tenta iludir com falinhas mansas quem está a pagar a crise que não provocou!

Vejamos agora o lado da justiça social e económica. Temos uma esquerda aberta ao diálogo, que sempre, nas suas propostas, denotou a preocupação com as questões de justiça económica e social. Não se podem resolver problemas considerados sectoriais sem ir à fonte do problema: os problemas conjunturais da economia. É necessário fazer uma auditoria à dívida, para começar a pensar como resolver o problema da dívida pública a partir daí. Sim, porque o Estado deve pagar dívida pública, mas não dívida privada contraída por bancos e grandes grupos económicos!

As propostas diárias que o Bloco de Esquerda vem apresentando vão ao encontro da justiça fiscal (taxar as grandes fortunas bem como as transacções para off-shores), da criação de emprego (através da reabilitação urbana, por exemplo), da protecção dos serviços públicos, do investimento público necessário. Propomos, então, um ciclo económico de crescimento, justiça fiscal, económica e social: proteger os salários e promover o investimento público, gerando-se maior poder de compra; logo, aumenta a procura, criam-se empregos a receita para o Estado aumenta e o défice reduz-se. Um ciclo económico simples, mas que requer esforço que apenas a esquerda de confiança está disposta a fazer, não respondendo aos interesses capitalistas, mas aos interesses do povo, de todos os que trabalham, de todas as que estão desempregadas ou precárias, de todos os que trabalharam uma vida e agora têm uma pensão indigna, de todas as que querem estudar e aceder a cuidados de saúde.

Neste lado da escolha não se teme a democracia, bem pelo contrário, pelo que não defendemos o voto útil para tudo continuar na mesma. Defendemos o voto consciente, que reflicta as mudanças necessárias no futuro de cada um e cada uma, que nos permita ter voz sobre quem governa o país!

O voto na direita é o voto na troika, na austeridade e na autoridade. O voto na esquerda é o voto na democracia, na justiça económica e social, na solução dos problemas sem esquecer as pessoas. Apesar de haver quem tenha medo da escolha e da democracia, ninguém pode ficar em casa no dia 5 de Junho! Nesse dia vamos encher as ruas e as urnas, e mudar o futuro.

Isabel Pires

 

 

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