Europa não, Portugal nunca. Viegas sempre! Versão para impressão

marioviegasO Mário Viegas morreu no dia das mentiras. Escusado será de dizer que não morreu nem morrerá nunca!

 

Artigo de Mário Tomé

 

Mário Viegas era um finíssimo político no sentido mais nobre do termo e por isso era um agitador sem igual, capaz das maiores audácias, de se instalar no fio da navalha e de percorrê-lo com total segurança. Com a sua entrada na lista da UDP (nas legislativas de 95 ) o seu génio criador, a sua capacidade de iniciativa, a sua irreverência avassaladora, a subtileza que fazia da mais violenta provocação um momento de superior sensibilidade, foram uma forte marca na campanha. Apesar da contenção imposta pela comunicação social, reprodutora empenhada do stablishment, na cultura e na política: o que é deve continuar a ser!

O Mário Viegas deu-nos uma grande ajuda numa fase importante da nossa transformação, acreditou em nós, “UDP – União de Poetas da ‘Esquerda a valer’, Humoristas, Futuristas, Revolucionários e Boa Gente e Tudo”, como ele pôs na capa do Manifesto Anti-Cavaco (Porra pró Cavaco, porra, PIM)

“Europa Não, Portugal Nunca” marcou de forma única a cena cultural e política portuguesa nos últimos estertores do cavaquismo mas em plena estruturação do Bloco Central neoliberal com a continuidade guterrista. “Nesta companhia ninguém assinou para esse senhor que diz ser secretário de Estado da Cultura” rezava o cartaz à boca da cena, zurzindo a um tempo Santana Lopes e os seus engraxadores teatrais.

Como ninguém, soube fazer a crítica do decadentismo do sistema. Essa crítica é hoje o lugar da utopia. Em cada gesto, em cada cena, em cada verso recitado, ele não convocava a utopia como adereço mas punha-a como necessidade de concretização. Como Oscar Wilde ele sabia que o progresso é a concretização das utopias, tendo o entendimento da tradição como suporte histórico e cultural para a transformação do mundo.

Mário Viegas – a RTP que concluiu não ter envergadura para continuar a albergar tamanho talento, faz agora imensa publicidade do Vídeo “Palavras ditas” – foi o maior declamador de sempre e ainda o mais empenhado divulgador dos nossos maiores poetas. Só ele seria capaz de arrastar multidões com os “Poemas do Gin Tónico” de Mário Henrique Leiria.

Mário Viegas transgressor, iconoclasta, provocador, sublime, genial, actor inultrapassável, homem inteiro, representou sempre aquilo que o teatro tem de mais elevado e de mais nobre: a sua relação profunda com a vida, o seu compromisso radical com a liberdade, o seu antagonismo irredutível com o poder.

Mário Tomé

* Excerto do texto escrito para o album «Um rapaz chamado Mário» editado pelo Museu do Teatro

 

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