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Sábado, 20 Fevereiro 2010

Sócrates tem ou não um plano para controlar a comunicação social?

Muito se escreveu já sobre este assunto, ainda assim há uma contradição que não foi evidenciada e para a qual será necessário algum distanciamento de todo o ruído feito á volta da questão.

 Artigo de Francisco Silva  

O Estado terá poder para influenciar determinados grupos empresariais privados e público-privados proprietários ou co-proprietários de meios de comunicação social (e não só), nas suas decisões estratégicas, ou seja, decisões das quais poderão resultar perdas ou lucros para os seus accionistas?

No meio da tempestade da Economia liberal a mensagem que pretendem passar é que há um agente, nesta caso o “Good ol´state” que quando quer ou precisa consegue puxar as rédeas a empresas como a Prisa, a Lusomundo, a Portugal Telecom ou a Media Capital.

Mas não são esses grupos económicos que dominam hoje os partidos e os seus figurantes?

Não são esses grupos que os forjam, financiam e potenciam?

 

Controlar ou ser controlado?

 

De um ponto de vista humorístico pode-se dizer que finalmente Sócrates daria mostras de ser um homem de Esquerda ao querer fazer de Portugal a nova Coreia do Norte.

Assim sendo não surpreendia ninguém que no seguimento das suas políticas Sócrates acusasse os meios de comunicação que o atacam de serem contra-revolucionários e tentar por todos os meios fechar-lhes as portas de vez.

O que não bate certo neste revisionismo Socrático é verificar que pessoas como o Dr. Zeinal Bava estariam a soldo de José Sócrates e que estariam dispostos a arriscar as suas prósperas carreiras e credenciais por um “apparatchik” que chegou a querido líder por engano.

Se recordarmos a sua ascensão política vemos que foi fomentada a partir dos media, em especial dos debates televisivos com Santana Lopes, razão principal para ser apontado como o candidato natural á disputa com Santana.

É claro que todo o processo Casa Pia ajudou muito ao arrasar todas e quaisquer hipóteses de Ferro Rodrigues, Paulo Pedroso e os seus se apresentarem em cena (ainda dizem que não há coincidências).

Há um ditado português que convém ter presente quando se fala de política “quem paga pode e quem pode manda.”

Seguindo o dinheiro, foi a PT que pagou a campanha eleitoral de Sócrates, não foi este último que “elegeu” Zeinal e Granadeiro.

    

Um País insolvente

 

Um materialista não se concentra na poeira nem na espuma do mediático.

Por um lado um candidato a candidato a 1º Ministro (Aguiar Branco) que já veio apelar ao fim das golden-share na PT, antigo desejo dos principais accionistas e dos seus administradores com uma justificação plausível (?) para o fazer: a luta incansável pela liberdade de imprensa e pela verdade.

Outros se seguirão no mesmo apelo, com o mesmo argumento que apesar de não ser falso, a razão pela qual é utilizado é que se apresenta como totalmente inaceitável o que lhe tira qualquer credibilidade.

Por outro lado temos sistema democrático altamente permeável ás influências dos grandes grupos económicos que demonstram ter poder para derrubar um governo e eleger outro se daí advier mais lucro.

Um sistema democrático fragilizado e incapaz de se defender.

A soberania do Estado há muito que é meramente formal.

Com a formação de grupos económicos como a Goldman Sachs, a JP Morgan e demais, os políticos ficaram reféns de uma certa linha de pensamento único, reféns de usurários e das dívidas a eles contraídas.

A recente atitude predatória dos especuladores em relação aos países denominados PIGS (Portugal, Itália, Grécia Espanha e agora também a Irlanda) demonstra isso mesmo.

Estes países têm em comum elevadas dívidas públicas e economias não consolidadas assim como apertados critérios de convergência a cumprir o que os torna extremamente vulneráveis.

Explicando melhor, são como fábricas insolventes cujas únicas receitas advirão da venda de património, enquanto nós cidadãos, somos os trabalhadores que vêm as máquinas desaparecer, assim como qualquer perspectiva de reactivação da empresa.

Precisam de pagar o aluguer da loja e vende-se tudo ao desbarato porque precisamos inevitavelmente de reduzir a curto prazo a dívida pública.

Está aberta assim a privatização dos parques escolares, dos serviços municipalizados, dos serviços de saúde, da recolha de resíduos e do último reduto de soberania económica: as golden-shares.

  

Á primeira vista pode parecer que Sócrates tem o poder de brincar com a economia em prol da política.

Com o devido distanciamento conseguimos entender que há muito que a economia é que brinca com a política, com a democracia e essencialmente com as pessoas.

Há um sistema organizado de terrorismo económico, não podemos é confundir o peão com o rei.

Sócrates é um mero capataz de chicote na mão enquanto os Portugueses trabalham de Sol a Sol cada vez mais pobres, cada vez mais escravos.

 

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