Aminetu Haidar: O tempo esvai-se Versão para impressão
Segunda, 07 Dezembro 2009
Aminetu Haidar está há mais de vinte dias em greve da fome, enfrentando a violência ditatorial do rei de Marrocos e a pusilanimidade do governo espanhol.

Artigo de Carlos Santos

Aminetu Haidar regressava à sua terra, depois de receber um prémio pelo seu papel na luta em defesa dos direitos humanos. Foi presa, metida num avião à força e sem bilhete, e enviada para o exílio. Uma operação de terrorismo de Estado, praticada sob as ordens do rei de Marrocos, Mohamed VI, e acolhida com benevolência pelo governo de Espanha.

Neste momento, Mohamed VI devia já estar a enfrentar um processo num tribunal internacional, não só por este acto contra a activista saharauí, mas por tudo o que tem feito contra o Sahara Ocidental, desrespeitando as resoluções da ONU. Mas os governos, a começar pelos da União Europeia, não querem indispor-se com sua majestade...

O governo de Espanha respondeu a esta violação do direito internacional, com incrível falta de coragem e enorme hipocrisia. Primeiro, acatou a violação e tentou convencer a lutadora saharauí a fazer o que o rei de Marrocos pretende. Na passada Sexta feira foi mais longe, decidiu inventar e tentou enganar Aminetu e Mohamed VI. Fretou um avião, disse à activista saharauí que havia um acordo ao mais alto nível entre os dois países, o que era mentira, e tentou que Marrocos desse autorização técnica de aterragem ao avião. Negada esta, a aventura foi publicamente conhecida. Depois do rocambolesco episódio, Zapatero procura agora que Aminetu seja forçada a alimentar-se.

Em Portugal, o parlamento aprovou um voto de solidariedade com Aminetu Haidar e rejeitou outro. Nenhum contou com o voto favorável do Partido Socialista, pois Sócrates e Luís Amado não o permitem e os parlamentares do PS acatam subordinadamente.

Aminetu Haidar corre sério risco de vida, precisa da nossa solidariedade, mas a sua luta marcou já muito: desmascarou Mohamed VI, mostrou o que vale o governo de Espanha e, sobretudo, tornou a luta do povo saharauí mais conhecida e admirada. O monarca marroquino enganou-se nos cálculos e errou com a sua brutalidade e aberta violação do direito internacional: pretendia calar, deu voz.

Dos governos de Zapatero e Sócrates já se sabe, quando se trata de defender a justiça social: não só não se pode contar com eles, como é necessário fugir deles.

Carlos Santos

 

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