O contrabando dos valores da esquerda democrática, editorial da Comuna 24 Versão para impressão
Terça, 14 Dezembro 2010

“Os valores da esquerda democrática” são vinte teses oferecidas pelo autor, Augusto Santos Silva, ao exercício do escrutínio crítico e são o tema central do nº 24 da Comuna.

A Comuna aceitou o desafio desse escrutínio, apesar de o considerar fraca exigência. Vale porque parte do teórico do Partido Socialista, porque alia a teoria à prática governativa e reafirma inequívoca a afirmação da convenção fundadora do BE: nada temos a esperar do PS.

Um dos pilares do livro de Augusto Santos Silva é remeter para o conservadorismo e o totalitarismo todos aqueles que se opõem à retirada de direitos sociais. Falsa asserção, o objectivo (na esteira dos outros governos da Internacional Socialista) é colocar o rótulo de anti-democrático ao socialismo de esquerda e ao comunismo e virar a identidade política europeia de anti-fascista para anti-comunista.

Em contra-ponto, afirma que “não se pode esquecer o empenhamento da direita democrática, dos conservadores (…) na causa da liberdade, quer no debate intelectual quer na prática política”.

Santos Silva omite o papel da economia na sociedade e dá voz às teorias conservadoras sobre o sucesso e o fracasso do indivíduo. Nessa linha, o argumento do centro é a justificação da política da direita, é por isso que o autor afirma que “o conteúdo principal da liberdade é a garantia da pessoa, o direito à propriedade, a liberdade de iniciativa económica (...)”.

A fragilidade teórica das “teses da esquerda democrática” é tal que o  autor é obrigado a referir: “não curarei aqui nem da comparação de políticas públicas, nem da explicação das concretas condições da respectiva elaboração, proposta e aplicação, nem de ponderação de resultados”. Ou seja, as elucubrações do autor só existem no ledo devaneio de quem cita profusamente Locke, Tocqueville, Popper, Kant, Habermas...

É, aliás, espantoso como um ministro da defesa tenta teorizar os valores da “esquerda democrática” e não trate o tema da guerra e do seu papel; não se interrogue sobre a NATO, o seu percurso e o seu futuro.

Mas neste número há ainda outros olhares que merecem a nossa atenção: a greve geral, o centenário da República, a violência doméstica, o Orçamento de Estado e um artigo de dois jovens socialistas alemães sobre a experiência do governo Verdes-SPD.

Victor Franco

 

 

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