Défice democrático alemão Versão para impressão
Terça, 27 Setembro 2011

 

merkel

Aqueles que advogam que o “o fim da História” teria chegado com o triunfo do neoliberalismo estarão, certamente, a engolir as suas palavras. A probabilidade da própria História se repetir, dirão, é muito baixa. Infelizmente, e contra aqueles que defendem os malogrados direitos humanos e proclamam a igualdade entre povos, o retrocesso civilizacional ideológico está aí e parece que veio para ficar.

 

Nos tempos que correm, ao abrir uma qualquer página Web de um diário informativo, a periodicidade de publicação de notícias que mais parecem piadas de mau gosto tem vindo a aumentar. E ainda bem para nós! A expressão corriqueira -“Em crise rir é o melhor remédio” - ganha força!

Exemplo disso é a declaração do comissário europeu Gunther Oettinger, na qual defende que os países com um défice excessivo deveriam ver as suas bandeiras a meia-haste nos edificios da UE. Decerto que verá nisto uma qualquer simbologia de morte do neoliberalismo e da actual UE que passará despercebida aos olhos do comum cidadão europeu. A ridicularidade de tal afirmação denota, claramente, uma xenofobia económica impusionada por esta crise.

Que as grandes economias são “biologicamente superiores” às mais pequenas já sabíamos... A diferença é que tais barbaridades são agora proferidas de forma displicente por aqueles que nelas acreditam.

“Quem não cumprir, tem de ser obrigado a cumprir”. É esta a premissa ideológica da Chanceler Angela Merkel para delinear as políticas económicas que, em breve, serão implementadas na UE. E como é que Merkel o pretende fazer? A resposta é simples. Os Estados que não cumprirem as metas estipuladas deixarão de fazer, na íntegra, juz ao nome. Ou seja, as sanções impostas serão, nada mais nada menos, que a perda de soberania. Acrescenta ainda que a Grécia apenas continuará na zona euro caso siga escrupolosamente o memorando da troika e atinja os seus objectivos.

Eric Hobsbwaum presenteou-nos com uma obra intitulada “Era dos Extremos”. A mesma incide sobre o extremismo ideológico e como o mesmo se espelhou no campo de guerra (e em tantas outras vertentes). Comparar Angela Merkel e as suas ideias a Hitler poderá ser considerado uma blasfémia mas, perdoem-me o atrevimento, ousarei mesmo fazer tal comparação. Ora Hitler foi um estratega – a todos os níveis. A actual Chanceler também o é. Merkel arrisca-se a ser ‘a’ ditadora deste século. Mas como a História não se repete, Merkel será um novo tipo de ditadora. A ditadora dos mercados, a ditadora das finanças e da economia. Aquela que, sem definhar claramente os direitos humanos e sem entrar num discurso ideologicamente definido, dá largos passos em direcção a uma politica xenófoba, imperialista e claramente de ingerência nos Estados. As guerras do nosso Século não se travarão com armas em punho. As guerras que passam ao lado do mediatismo jornalístico são aquelas promovidas por afirmações como esta e pelas políticas sociais/económicas que os governos da Europa promovem. São guerras que causam enriquecimento ilícito, que privilegiam os mesmos de sempre. O mais pobres são os prejudicados. Podem não ter uma arma apontada à cabeça mas estão a assistir a um saque constante e à perda daquilo que, supostamente, deveriam tomar por garantido.

Uma nova Era dos Extremos chegou. E para que esta não tome proporções incontroláveis, surge uma palavra que se afirma como a solução - refundação. A Europa está prestes a cair num abismo e, caso tal aconteça, não se conseguirá levantar facilmente. A refundação Europeia através da criação de uma UE que se preocupe efectivamente com os seus cidadãos, ao invés de se vergar perante os interesses económicos, é a Europa que queremos construir – ainda que com líderes como Merkel tal não pareça plausível... Felizmente, passo a passo, os próprios alemães começam a rejeitar as politicas da conservadora ao desferir rudes golpes nas urnas das eleições regionais.

Cláudia Ribeiro

 

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