A Greve Geral de 14 Novembro foi muito expressiva, teve uma vertente política muito acentuada e uma marca forte de cidadania. A Greve Geral ajudou a alargar o esforço de muitos portugueses, que perderam um dia de trabalho, para alterar os caminhos para o futuro. A CGTP tem beneficiado do apoio real de vários cidadãos e movimentos sociais que não tendo uma ligação direta ao mundo sindical consideram importante participar nos piquetes de greve, permitindo aumentar a dimensão do piquete e a criatividade dos protestos. Também nas manifestações, tem sido notória a participação destas pessoas e movimentos que têm contribuído para o sucesso das iniciativas e conferem um carácter mais alargado aos protestos, quer no campo social quer no campo cultural. Com as suas faixas, as suas palavras de ordem, a sua música e a sua juventude têm contribuído para ajudar a mudar a imagem da organização. A escalada de violência no dia 14 de Novembro foi o instrumento de que o governo se serviu para diminuir o impacto da greve e incutir medo nas pessoas. Alguns parecem não querer perceber o momento da luta em que nos encontramos e com as suas ações isoladas prejudicam-na. Esta constatação não deve diminuir a condenação da ação policial ao serviço dos patrões contra os piquetes na madrugada do dia 14, nem a condenação da carga sobre as pessoas que estavam nas imediações da Assembleia da República, bem como as detenções irregulares que ocorreram nessa noite. A CGTP dirige a luta dos trabalhadores e simultaneamente deve ter a capacidade de interagir com as organizações feministas, de estudantes, de precários e outras, que se organizam e solidarizam, no terreno, com a luta geral dos trabalhadores e trabalhadoras. No dia 22 os estudantes do ensino superior estiveram na rua, a lutar contra a austeridade na educação. São mais vozes que se juntam no combate ao governo e merecem todo o apoio. No dia 29, a Manifestação Internacional dos Estivadores em Lisboa deve ter também a nossa atenção e solidariedade com os objetivos da sua luta. A dimensão internacional das lutas do trabalho alcançada com a Greve Ibérica, na Itália, na Grécia e as manifestações por esta Europa em 14N, devem ser tidas em conta em ações futuras. Precisamos de ter um plano nacional de lutas e, ao mesmo tempo, manter a sua articulação à escala europeia. O carácter internacional da luta dos trabalhadores acrescenta peso ao protesto e às nossas propostas alternativas de taxar o capital e dessa forma dinamizar a economia, criar emprego e aumentar os salários e pensões. A concentração de dia 27 de Novembro é mais um passo na intensificação dos protestos que devem continuar a assumir um caráter cada vez mais alargado e popular. As linhas mestre do orçamento de estado para 2013 levam a mais desemprego, mais recessão na economia e a mais miséria para os que vivem do trabalho. Todos já percebemos que o governo se prepara para um corte adicional de 4000milhões de euros na saúde, na educação e na segurança social. Chamam-lhe “refundação do estado”, mas este é um processo que a ser concretizado levaria à destruição do Estado Social. Dar resposta a esta austeridade violenta - que segundo o FMI precisa de “racionalizar” mais os salários e o emprego na Função Pública, “reformar” pensões e outras prestações sociais, baixar ainda mais o valor das indemnizações por despedimento – é, na prática, recusar este orçamento. É expulsar a Troika e derrubar este governo. Porque não aceitamos que nos roubem a vida e o futuro, vamos em Dezembro dar um sinal de unidade e força e levar a cabo ações de luta que tenham expressão de rua. São já no dia 8 no Porto e dia 15 em Lisboa.
Francisco Alves, dirigente sindical
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