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Neste mês de Agosto, o mês dedicado às férias, quando o calor convida ao  descanso e ao bem-estar, entraram em vigor as alterações ao Código de  Trabalho. Sempre com o argumento do aumento da competitividade e estímulo à economia,  estas alterações mais não visam que flexibilizar os despedimentos,  diminuir as indemnizações, aumentar os horários de trabalho, cortar pela metade o valor do trabalho extraordinários e em dias de descanso.  O resultado destas alterações não terá nenhum efeito no grande flagelo do nosso país – o desemprego. Irá sim, contribuir em muitas situações para mais desemprego, pois agora é muito mais fácil despedir.   O outro grande objetivo destas medidas é baixar ainda mais os salários.  Os salários de miséria que os trabalhadores das grandes superfícies  comerciais recebem, por exemplo, e que a custo do trabalho realizado no  seu dia de descanso semanal ou feriados tinha alguma compensação, vai  cair para metade, se a isto somarmos as horas extraordinárias que quase  vão desaparecer, por via do banco de horas, então compreendemos muito  bem a fortuna do Sr. Alexandre Soares dos Santos, dono do Pingo Doce, o  tal “patriota” que tratou de colocar os seus rendimentos na Holanda,  onde os impostos são mais baixos.  Os jovens e as jovens que hoje ou estão no desemprego ou são forçados a  aceitar trabalho precário, seja ele qual for, nada de bom podem esperar  destas alterações. A sua situação vai agravar-se.  Não é ainda possível entender com a profundidade necessária as  consequências para um país, como é o caso de Portugal, que desperdiça a  sua geração mais qualificada de sempre, lhe nega a estabilidade  económica e a perspetiva de uma vida autónoma. Mas as consequências  serão a curto e a médio prazo, desastrosas para a vida das pessoas, mas  também para a economia e o desenvolvimento social.  Temos retrocedido décadas em termos de direitos sociais e os “sacrifícios”  que continuam a não ser “iguais para todos”, não trazem nenhuma solução, apenas acrescentam mais problemas e mais crise à crise. É isso que se  verifica todos os dias: o desemprego aumenta, nem sequer o fator sazonal do verão tem algum tipo de influência, os apoios sociais reduzem-se e  cada vez mais pessoas desempregadas ficam sem qualquer tipo de apoio, e o valor do défice tão desejado pelo Governo cada vez está mais longe e a  dívida do país continua a aumentar.  Pouco mais de um ano passou desde a entrada da troika no nosso país e o resultado está à vista. As políticas de austeridade  só empurram a economia para o fundo e dificultam a vida das pessoas.  Agora vamos trabalhar mais, receber menos. O “bancos de horas” , outra   “inovação” destas medidas será individual e coletivo e passaremos a  trabalhar quando mais convém ao patrão, sem respeito pela vida pessoal,  pelo direito ao lazer… É o caminho da escravatura dos tempos modernos. 
Catarina Moura publicado n' O Almonda 
 
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