|  O  início deste novo ano lectivo é para muitos o prenúncio de que não terá  fim, isto porque não estarão reunidas as condições necessárias para  poderem continuar a estudar.Não se trata de pessimismo da minha parte dizer que muitos estudantes não vão conseguir concluir este ano lectivo.
 Artigo de Diogo Barbosa Digo  isto com tristeza pois mais uma vez os cortes no Ensino Superior serem  absurdos e mais uma vez as bolsas que vão ser atribuídas não serem  satisfatórias para a a real necessidade dos estudantes em Portugal. Pelo menos, este ano  as pessoas do agregado familiar contam com 1 e não com 0.7 e 0.5 como  no ano passado. Mas o que é lamentável de se perceber é que este modelo está  assente num populismo meritocrata que ignora por completo a correlação entre condição económica e social e o sucesso académico . No ano passado, para se ter direito a Bolsa de Estudo, passou de 30% para os 50% de obrigatoriedade de créditos realizados, e, imagine-se vamos agora passar para 60%. Quem  sabe de para o próximo ano lectivo não passaremos para os 100% de  eficácia para os estudantes e talvez se possa retirar também o n + 1 (que  é o ano a que se tem direito a bolsa pós anos de licenciatura, em  Bolonha na sua maioria 3+1). Mas esta discussão deixemos para outra  altura. O  que importa discutir neste momento é que os 20 mil estudantes que  deixaram de ser bolseiros no passado ano lectivo não o voltarão a ser  este ano porque esse erro curiosamente não foi corrigido. Ora os  estudantes que no passado ano lectivo abandonaram o Ensino Superior  devido à não atribuição de bolsa, porque sem ela não conseguem estudar,  não podem regressar este ano porque também não são abrangidos pelo novo  modelo, começa já com valentes injustiças o nosso ministro.
 Juntando  os cortes nas instituições do Ensino Superior, cortes nas bolsas de  estudo, possível aumento do prato social e aumento das propinas de  acordo com a inflação, no mínimo, fazem pensar que este poderá ser um  dos piores anos tanto para as instituições do Ensino Superior como para  quem as frequenta. A falta de professores é cada vez mais visível, o que  leva a uma clara falta de qualidade no ensino. Senhor ministro se eu  pago o meu ensino, e já que isso é um princípio injusto, eu quero pelo  menos que ele seja de qualidade. Espero que isto não seja pedir muito,  até porque não é pedir, é exigir aquilo que é um direito de todos os  estudantes independentemente da sua origem social ou condição económica.
 Mas  voltando à questão económica, o ministério quer como que num passe de  magia que a atribuição das bolsas seja garantida até final de Outubro ou  início do mês de Novembro. Sabendo que o regulamento de atribuição de  bolsas saiu há semanas como será possível cumprir esse prazo? A  análise dos processos dos recandidatos a bolsa em vez de ser analisado  durante o Verão só agora pode ser analisado devido ao atraso na  publicação do regulamento, e já vamos com uns milhares de processos.  Agora vamos juntar os processos dos estudantes que pela primeira vez se  candidatam ao subsídio das bolsas de estudo, juntamos mais uns milhares.  Não sei que coelho quer o ministro sacar da cartola, mas esta promessa  seguramente não será cumprida e os estudantes mais uma vez verão os seus  processos atrasados e quantos terão, como infelizmente acontece todos  os anos, de abandonar o Ensino Superior porque a sua bolsa não chegou a  tempo?
 Mais  um ano, e, mais uma vez as bolsas não chegam a tempo, quando chegam são  insuficientes e não cobrem as necessidades dos estudantes. Mais uma vez  o princípio do governo está errado e é de notar mais uma vez o ataque  neo-liberal à educação, como objectivo há muito anunciado. A sua  crescente elitização tem eco mais uma vez este ano e terá nos próximos  enquanto os direitos dos estudantes não forem garantidos.
 É  chegada a altura de dar aos estudantes aquilo que é deles. Qualidade no  ensino, bolsas de estudo, diminuição do valor das propinas, mais  residências e igualdade de oportunidades no acesso ao ensino. Será assim  tão difícil?
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