Caso Padre Max: tribunais de "negligência e incompetência" Versão para impressão
Sexta, 01 Abril 2011

O padre Max foi assassinado na região de Vila Real a 2 de Abril de 1976, com a explosão de uma bomba colocada no seu carro, que matou também a estudante Maria de Lurdes, a quem o clérigo tinha dado boleia. O padre Maximiano, mais conhecido como padre Max, foi candidato pela UDP à Assembleia Constituinte e, encontrava-se em Vila Real a promover um trabalho de apoio ao desenvolvimento das comunidades locais.

O caso foi julgado duas vezes, uma em 1997 e outra dois anos depois, nunca tendo havido uma condenação, apesar do tribunal ter pela primeira vez atribuído um homicídio ao MDLP, movimento armado de Direita dos tempos do Processo Revolucionário em Curso (PREC), que marcou os anos seguintes ao 25 de Abril de 1974 e que, tinha como chefe o General, Spínola. Mário Brochado Coelho, o advogado que durante mais de 20 anos lutou para que, o caso fosse a tribunal e os responsáveis condenados. O processo contou com cinco arguidos, nenhum dos quais foi condenado. "O tribunal achou que eles tinham feito alguma coisa, mas não conseguiu reunir provas concretas de que o fizeram. " Mataram, premeditadamente, o padre Max, mesmo sabendo que ele levava no carro uma jovem - o que é típico da extrema-direita portuguesa, do absolutismo até hoje".
Maximino Barbosa de Sousa (conhecido por Padre Max) tinha 32 anos. Maria de Lurdes Pereira 19. O primeiro era padre, professor do liceu e candidato independente a deputado nas listas da União Democrática Popular (UDP). A segunda uma aluna e apoiante do candidato. No dia 2 de Abril de 1976, o carro em que ambos viajavam – da localidade de Cumieira para Vila Real – foi alvo de um ataque bombista, matando-os. O processo judicial começou no ano seguinte, mas foi arquivado por falta de provas. Em 1989 a Relação do Porto reabriu-o, mas voltou a ser arquivado em 1995. Em 1996 a Relação volta a pegar no caso e pronuncia quatro arguidos, alegados membros do MDLP (Movimento Democrático de Libertação de Portugal). O julgamento termina em Março de 1997, com a absolvição dos arguidos. Em Maio, o Supremo Tribunal de Justiça acabou por anular o acórdão. Novo julgamento a 21 de Janeiro de 1999, para acabar em 22 de Fevereiro com a absolvição dos quatro arguidos. O padre que foi candidato da UDP, para “fazer chegar a sua voz aos mais humildes” aguarda Justiça na campa 1240 do cemitério de Santa Iria, em Vila Real.
Publicado no blogue Olho Nú