O Bloco de Esquerda e o PRD Versão para impressão
Quarta, 16 Fevereiro 2011

  RamalhoEanesPRDO PRD não desapareceu porque apresentou uma moção de censura, mas sim  porque foi a muleta do governo minoritário de Cavaco Silva. Nada disto  tem a ver com o Bloco e a comparação, por pouco séria, reduz-se a um  insulto.

Artigo de Carlos Santos

 

Desde a sua fundação, o Bloco de Esquerda é recorrentemente comparado com o PRD. O paralelismo visa apenas dizer que o Bloco é um “cometa político”, sem programa nem base social sólidos e que desaparecerá numa qualquer curva da luta política, por uma atitude suicida. Uma argumentação superficial, que quer ridicularizar o Bloco e simplifica a análise do “fenómeno PRD”.

O PRD ganhou apoio eleitoral na rejeição popular ao bloco central e ao seu governo e, por isso, obteve 18%, em 1985, reduzindo o PSD a 29,9% e o PS a 21%.

Uma vez chegado a terceira força parlamentar, o PRD procurou situar-se entre o PSD e o PS e foi, de facto, o maior apoio do governo minoritário de Cavaco Silva, entre 85 e 87. O partido “muleta” do governo PSD, a esvaziar-se nesse apoio, aproveita uma questão política menor e, numa pirueta repentina, apresenta uma moção de censura ao governo minoritário de Cavaco, que foi aprovada pelos votos conjuntos de PRD, PS, PCP, MDP-CDE e Verdes. O PRD passou de 18% para 5% e a sua bancada de 45 para 7 deputados. O partido foi desaparecendo e, no final, a sua sigla acabaria vendida para legalizar o partido de extrema-direita PNR.

Passados uns anos, o ex-presidente do PRD, Hermínio Martinho, aderiu ao PSD; o seu inspirador e figura tutelar, Ramalho Eanes, tornou-se num dos principais apoiantes das candidaturas de Cavaco Silva; os dirigentes que se mantiveram politicamente activos engrossaram, na maioria, o PSD ou o PS.

O PRD não desapareceu porque apresentou uma moção de censura, mas sim porque foi a muleta do governo minoritário do PSD, querendo inventar um espaço político num interstício inexistente.

Nada disto tem a ver com o Bloco e a comparação, por pouco séria, reduz-se a um insulto. O Bloco de Esquerda nasceu como oposição ao rotativismo ao centro (ver manifesto fundador: Começar de novo) e sempre se opôs às políticas neoliberais, fossem dos governos de Guterres e Sócrates ou de Durão Barroso e Santana Lopes.

Se o Bloco quisesse tornar-se na versão portuguesa dos Verdes alemães de Schroeder ou da Refundação Comunista do governo de Romano Prodi, então sim transformar-se-ia inevitavelmente no “seguro de vida” do governo minoritário Sócrates e cavaria uma profunda derrota.

Por isso, e numa atitude coerente com a sua política fundadora, o Bloco de Esquerda decidiu anunciar uma moção de censura contra um governo que trocou o seu próprio programa pelo que a direita do governo alemão impôs. Uma censura que é igualmente contra o PSD, que viabilizou a política de austeridade contra a maioria do povo português. Uma censura que é ainda um reforço do combate contra o apodrecimento político com que a disputa entre PS e PSD procura anestesiar o povo português e entorpecer a luta contra a política de cortes nos salários e nos serviços públicos

Desde a sua fundação, o Bloco de Esquerda é recorrentemente comparado com o PRD. O paralelismo visa apenas dizer que o Bloco é um “cometa político”, sem programa nem base social sólidos e que desaparecerá numa qualquer curva da luta política, por uma atitude suicida. Uma argumentação superficial, que quer ridicularizar o Bloco e simplifica a análise do “fenómeno PRD”.

O PRD ganhou apoio eleitoral na rejeição popular ao bloco central e ao seu governo e, por isso, obteve 18%, em 1985, reduzindo o PSD a 29,9% e o PS a 21%.

Uma vez chegado a terceira força parlamentar, o PRD procurou situar-se entre o PSD e o PS e foi, de facto, o maior apoio do governo minoritário de Cavaco Silva, entre 85 e 87. O partido “muleta” do governo PSD, a esvaziar-se nesse apoio, aproveita uma questão política menor e, numa pirueta repentina, apresenta uma moção de censura ao governo minoritário de Cavaco, que foi aprovada pelos votos conjuntos de PRD, PS, PCP, MDP-CDE e Verdes. O PRD passou de 18% para 5% e a sua bancada de 45 para 7 deputados. O partido foi desaparecendo e, no final, a sua sigla acabaria vendida para legalizar o partido de extrema-direita PNR.

Passados uns anos, o ex-presidente do PRD, Hermínio Martinho, aderiu ao PSD; o seu inspirador e figura tutelar, Ramalho Eanes, tornou-se num dos principais apoiantes das candidaturas de Cavaco Silva; os dirigentes que se mantiveram politicamente activos engrossaram, na maioria, o PSD ou o PS.

O PRD não desapareceu porque apresentou uma moção de censura, mas sim porque foi a muleta do governo minoritário do PSD, querendo inventar um espaço político num interstício inexistente.

Nada disto tem a ver com o Bloco e a comparação, por pouco séria, reduz-se a um insulto. O Bloco de Esquerda nasceu como oposição ao rotativismo ao centro (ver manifesto fundador: Começar de novo) e sempre se opôs às políticas neoliberais, fossem dos governos de Guterres e Sócrates ou de Durão Barroso e Santana Lopes.

Se o Bloco quisesse tornar-se na versão portuguesa dos Verdes alemães de Schroeder ou da Refundação Comunista do governo de Romano Prodi, então sim transformar-se-ia inevitavelmente no “seguro de vida” do governo minoritário Sócrates e cavaria uma profunda derrota.

Por isso, e numa atitude coerente com a sua política fundadora, o Bloco de Esquerda decidiu anunciar uma moção de censura contra um governo que trocou o seu próprio programa pelo que a direita do governo alemão impôs. Uma censura que é igualmente contra o PSD, que viabilizou a política de austeridade contra a maioria do povo português. Uma censura que é ainda um reforço do combate contra o apodrecimento político com que a disputa entre PS e PSD procura anestesiar o povo português e entorpecer a luta contra a política de cortes nos salários e nos serviços públicos