BES: 145 anos a servir Portugal! Versão para impressão
Terça, 16 Dezembro 2014

Roubar ao Povo - Dar aos banqueiros. foto de Iberian ProteusTradução em linguagem popular: 145 anos a roubar Portugal!

 

Artigo de Vítor Ruivo

 

Roubo transcendente – o "dono disto tudo", até há coisa de um ano ou dois, era "o maior", com direito a altas condecorações pelo mais alto magistrado da Nação!

Hoje, zangadas as comadres e à medida que se vão descobrindo algumas verdades, o roubo continua transcendente – os mais altos responsáveis, afinal, dizem que não têm responsabilidade nenhuma!

E se o dizem, com a pose e a prosápia própria de mais altos figurões da mais alta finança, é porque também os mais altos responsáveis das mais altas e variadas instituições nacionais, também eles, não têm responsabilidade nenhuma!

O chefe da Banca simbólica nacional, dita fiscalizadora da banca real, só muito tarde soube das tramoias: quis, mas não pôde fazer mais do que a Resolução final de pôr uma cruz funerária em cima do moribundo.

O chefe da regulação, cada vez mais desregulada, como tem de ser para aumentar a sagrada liberdade dos mercados, mais os chefes das auditoras, que se reconhecem alegremente ceginhos, que nem cegos de nascença, sempre que os "responsáveis de topo" dos Bancos a auditar não queiram que eles vejam nada, uns e outros, só deram pela coisa tarde e a más horas, tão tarde que já só podiam trazer algumas flores para o enterro!

O chefe dos ministros da República, a chefa das finanças ministeriais, o mais alto magistrado da Nação, todos eles tão dignos, mas tão coitadinhos que não souberam nada, senão mesmo na véspera do anúncio do funeral!

E logo eles que, embora já vestidos de gato-pingados, falaram ao povo, com o nariz de Pinóquio, que não, que não se passava nada, pois mesmo que o corpo não tivesse cura, a alma da Coisa, estava tão pura que era dela o reino dos céus!

E até os chefes do alterne partidário do arco do poder, embora sempre se tenham ajeitado a, com uma mão, bem servir a Coisa, para, com a outra, bem dela se servirem, todos eles, fazendo tudo para saberem muito, nunca nada souberam até hoje, em que, escandalizados no Parlamento, lançam indignadas invectivas contra aqueles a quem, ontem, gratos e venerandos, lambiam as mãos.

Ninguém, mas mesmo ninguenzinha, sabia de nada, antes de se descobrir quase tudo!

Bem, parece que um dos empresários mais ricos cá da terra, comentou todo risonho aos risonhos deputados, que já em 2001 ele tinha alertado que a Coisa andava a cheirar muito mal. Mas como para se dançar bem, não há outro remédio senão seguir o ritmo da dança, que remédio tinha o senhor senão tapar o nariz e fechar a boca?!

Afinal porque não, se o único mau da fita, o verdadeiro responsável, é o Zé Povinho?!

É por isso que, em nome da justiça divina de que sempre assim foi e sempre assim será, em nome da infinita sabedoria divina de que é mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no reino dos céus, o povo é que paga, para, pobre como Job, vir a entrar direito que nem um fuso, no Paraíso celeste.

(Só não tem direito a 50 virgens, porque os seus chefes espirituais são celibatários e pouco dados a libertinagens públicas).

Vítor Ruivo

12/12/14

imagem: "Roubar ao Povo - Dar aos banqueiros". foto de Iberian Proteus.