Novos dias da luta de classes Versão para impressão
Quarta, 22 Junho 2011

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Ainda não tinha sido empossado, ainda não tinha reunido com os restantes ministros, e o novo Ministro das Finanças já estava sentado à mesa com a troika. Aliás, essa é a sua primeira actividade ministerial conhecida e comprova aquilo que já sabíamos: grande ou pequeno, jovem ou menos jovem, este é o governo dos gestores da troika, cujo programa de governo já estava definido mesmo antes das eleições.

O governo dos submissos será o pilar do avanço da direita: um governo, uma maioria e um presidente. Mas tem um comando bipartido entre Cavaco e a troika. O programa é de um enorme ataque aos rendimentos directos e indirectos do trabalho, um ataque ao que resta das conquistas de Abril. Alguém dizia que o mais importante neste governo não era a sua dimensão, nem a sua juventude: o que caracteriza este governo será a proximidade ideológica entre os seus ministros. Concordo com esta afirmação. O capital tem hoje um programa máximo de ataque como nunca teve coragem de apresentar e intérpretes que o seguirão à risca. A independência que é atribuída a alguns dos ministros é só no plano do vínculo partidário, porque todos comungam da mesma matriz liberal de valores.

A luta será difícil nos tempos que se avizinham. O avanço liberal ameaça as bases do Estado social e temos de cerrar fileiras em sua protecção. Mas, à esquerda, não se joga só à defesa. As incapacidades deste governo em responder aos problemas que enfrentamos ficarão rapidamente à vista. O aumento do desemprego não pára e a recessão instala-se no país. Quem se comprometeu com o FMI, desistiu do crescimento económico e da criação de emprego. Acima de tudo, desistiu de lutar pela igualdade e pela protecção social. O capital já desistiu da economia real e tem atenções centradas no capital financeiro, mesmo que para isso tenha de aumentar a repressão sobre as pessoas. Em nome de quem não desiste dos direitos, da igualdade, do emprego e do futuro, os dias da luta de classes são jogados na acumulação de forças para enfrentar este novo plano do capital.

Pedro Filipe Soares