O caminho ainda que difícil, estava claro! Versão para impressão
Quarta, 11 Maio 2011

A longa caminhada de acalorado debate interno e estridente debate na praça pública, das presidenciais à apresentação da moção de censura ao governo de José Sócrates, até à rejeição da entrada na encenação teatral que representaram as negociações com a “troika” FMI-BCE- CE, davam só por si, sinais de uma sessão final da VII Convenção do BE ao rubro e potenciadora de notícias bombásticas.

Notícias capazes de ferirem e enfraquecerem, num momento decisivo da luta contra os especuladores financeiros e seus fiéis servidores, o partido jovem que em melhores condições se apresenta para mobilizar, também através do voto, as diferentes gerações à rasca, as gerações de precários e todas as vítimas dos sacrifícios resultantes dos sucessivos ciclos de crise promovidos pelo PS-PSD-CDS.

Sem o espaço desejado para vingarem e se ampliarem em plena tribuna da Convenção, tais temas que consideraram “fracturantes” vinham funcionando como mote de afirmação de quem criou expectativas fora do Bloco sobre o desfecho da sua reunião magna. Havia um  elevado interesse da comunicação social havida de episódios de “faca e alguidar”... Restou afinal, a valorização e dignificação de um espaço de debate profundo, de confronto de ideias, duro naturalmente, mas sem medos e com clarividência para repor a necessária objectividade. Confronto em oposição a ritmos fugazes da defesa da unidade da esquerda, do governo da esquerda ou das velhas e caducas teses que nos querem amarrar de pés e mãos a quem não partilha esta lógica de debate interno, de existência de correntes ou da autêntica multiculturalidade politica que compõe a força nova que representa o Bloco.

A resposta firme e determinada a qualquer fantasia ou ilusão, foi dada com clareza pela própria irreverência de uma conferência consciente do momento decisivo que o povo vive e do caminho que é urgente para a construção de uma aliança social que dispute a maioria para a mudança nos rumos do país, perante a pressão e a chantagem das medidas da “troika” aprovadas pelos partidos do arco do poder, que arrastarão a economia ainda mais para a recessão e as famílias, para maiores dificuldades, com o agravamento do desemprego e a perda e redução de direitos sociais. Caminho que só pode ser de luta contra a direita, e de combate a tais medidas. Naturalmente, sem qualquer tipo de ilusão sobre uma aliança com um “outro PS que não existe”.

Que dúvidas poderia haver no caminho apontado pela Moção A, quando é afirmado que o PS é um partido convertido ao liberalismo e uma máquina tecnocrática de exercício do poder, apesar dos apoios sociais contraditórios que congrega. E conclui, esta politica tem um objectivo estratégico coincidente com o da direita: assegurar a transferência de rendimentos do trabalho para o capital. Por isso se afirma, que só a ruptura com o caminho das políticas liberais e a consequente mudança do mapa político do país é que permitirá abrir caminho a uma política de esquerda. Nesta linha política, que a Convenção aprovou contra qualquer subjectivismo mediático, incluiu-se um verdadeiro programa de combate às medidas recessivas da “troika” que o PS-PSD-CDS se gladiam eleitoralmente para concretizar com esmerado zelo, em sacrifício dos portugueses, e que só por si, é a garantia de que o BE nunca fará parte de uma maioria que defenda a redução de salários, a privatização de serviços públicos e de empresas estratégicas para a economia. Um caminho transparente e mobilizador para juntar forças pelo emprego e contra a bancarrota, que prevaleceu como esperança para quem não aceita a fatalidade que nos querem impor e se disponibiliza a partilhar novos caminhos de resistência popular como as poderosas manifestações do 12 de Março que obrigam a esquerda a fazer mais e melhor, para já no dia 5 de Junho se derrotar as forças de direita que querem continuar a servir o capital. 

José Lopes